Uma médica da Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Central de Santos, no litoral de São Paulo, receitou um medicamento que não existe para a família de um bebê de 10 meses. Na receita constava o remédio “loratadina pomada”, que só é fabricado nas versões xarope e comprimido.
Em entrevista concedida ao g1 nesta terça-feira (2), o pai da criança afirma que não quer acusar a conduta da profissional, mas que a situação poderia ter causado algo mais grave.
"É difícil julgar a médica, [talvez] não estava em um dia bom, trabalhando demais, mas devemos pensar que poderia ser algo mais grave", disse o pai, que não quis ser identificado. "Ela receitou um medicamento para alergia que não existe, mas poderia ser algo mais grave".
Conforme o relatado por ele, a mãe levou o filho à UPA Central com diarreia e assadura grave no bumbum. Depois da consulta, ele chegou a procurar pelo remédio em duas farmácias, mas foi informado que o medicamento não era vendido em pomada, apenas como xarope e comprimido.
Não existe "loratadina pomada", apenas nas versões xarope e comprimido (Foto: Reprodução/Pixabay.com)
A farmacêutica toxicologista Paula Carpes Victório apontou uma possível razão para a confusão médica na hora da prescrição. Ao g1, ela afirma que loratadina é um antialérgico, assim como o polaramine, mas que este sim, segundo ela, possui a versão em pomada.
Victório ainda ressalta que o farmacêutico não pode alterar a receita, somente entrar em contato com o médico para saber sobre o remédio prescrito. Em situação semelhante, também é recomendado que o paciente converse novamente com o profissional que receitou o medicamento.
Em um comunicado oficial, a Prefeitura de Santos informou que a Secretaria Municipal de Saúde vai abrir uma investigação na Comissão de Acompanhamento e Fiscalização para apurar a conduta da médica e tomar eventuais medidas cabíveis. A administração do município ainda afirmou que a contratação da profissional cabe à Organização Social (OS) que gere a UPA Central.
A direção da unidade de saúde disse que a médica foi advertida em relação ao ocorrido, mas que a consulta havia sido realizada conforme os protocolos recomendados pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), com diagnóstico completo.
"Com relação à prescrição da pomada, a direção da unidade apurou que ocorreu um erro de digitação na composição do medicamento, que não ocasionou qualquer dano ao paciente", informou.
A direção ainda afirmou que a receita está atualizada e a família da criança pode retirá-la através da coordenação médica da UPA.
Foto Destaque: cartelas de remédios. Reprodução/Pixabay.com