O governo francês está abalado. Manifestantes seguem protestando pelo 12° dia. Eles pedem o anulamento da nova reforma da previdência outorgada pelo então presidente Emmanuel Macron, reforma essa que terá um dia crucial na sexta-feira.
As manifestações surgem a partir do momento em que o presidente decidiu, em 16 de março, impor a nova reforma da previdência por decreto. Macron baseou-se na constituição francesa e tomou uma decisão monocrática, que não é necessário aprovação no parlamento, amparado pelo artigo 49.3 da constituição francesa, o que instaurou a fúria nos sindicatos e na maioria do povo francês.
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Hundreds of thousands marched across France on Thursday against President Emmanuel Macron's pensions overhaul, but turnout fell during the final day of protests before a key court decision on the legislationhttps://t.co/MdnZtcwlP7
AFP noticia protestos hoje na França. Foto: Reprodução/Twiter/@AFP
O novo texto modifica a idade mínima que antes era de 62 para 64 anos, até 2030, e o adiantamento para 2027 a exigência de contribuir por 43 e não 42 anos como é agora, para assim conseguirem receber uma pensão completa.
As manifestações surgiram a partir desse fato, um tanto controverso do presidente francês. No entanto Macron afirma que é fundamental e urgente a nova reforma. "Vocês acham que eu estou gostando de aprovar essa reforma? Não. Quanto mais demoramos mais o déficit vai crescer. Essa reforma não é um luxo, não é um prazer, é uma necessidade".
O professor de relações internacionais Carlo Cauti traz alguns pontos relevantes para a aprovação da reforma: "A França tem uma dívida pública muito próxima de 150% do PIB, é o dobro do que o Brasil tem. A população francesa segue envelhecendo, não fazem mais filhos, o que acaba afetando a força de trabalho, e a população está vivendo mais, a expectativa de vida na França é em média de 83 anos".
Confrontos entre manifestantes e forças de segurança voltaram a ser relatados em várias cidades © Thomas SAMSON / AFP
Hoje, escolas de ensino médio e universidades amanheceram bloqueadas. O país todo está mobilizado, e as manifestações seguem país adentro. O caos está instaurado em Paris. Os manifestantes não cessam os protestos nas ruas parisienses.
Segundo a Agence France-Presse (AFP), alguns especialistas acreditam que não haverá a anulação total do texto da nova reforma previdenciária.
Foto detaque: 'Não': o Ministério do Interior disse que 380.000 pessoas participaram de comícios em todo o país © Damien MEYER / AFP