O tema ainda divide muitas pessoas, principalmente os fiéis da Igreja Católica e de grupos evangélicos, já que de acordo com seus ensinamentos o aborto é um ato pecaminoso. Os religiosos defendem que a vida começa na concepção, diferente da comunidade científica que determina o início da vida do ser humano com a formação do cérebro.
Os ativistas que são pró aborto defendem que as mulheres devem ter o direito de fazer as escolhas sobre o próprio corpo e de advertem sobre os perigos da prática ilegal.
Na América Latina, 6,5 milhões de abortos foram realizados entre 2010 e 2014, número superior ao realizado entre os anos de 1990 e 1994 que resultaram em 4,4 milhões. Em 2014, a prática ilegal levou a morte de 900 mulheres.
No nosso vizinho Uruguai, primeiro país a legalizar o aborto, adotou a prática por qualquer motivo até a 12ª semana de gestação. No ano passado, a Argentina aprovou a interrupção voluntária da gravidez até a 14ª semana de gestação.
Manifestação em Buenos Aires, capital da Argentina, no dia da Aprovação do aborto no país (Foto: Reprodução: site CUT)
Uma pesquisa realizada no Brasil pelo Instituto Patrícia Galvão e Instituto Locomotiva, afirma que a maioria dos brasileiros defende o aborto legal nos casos que já é autorizado pela legislação brasileira (gestação decorrente de estupro, quando oferece risco a vida da gestante ou quando o feto tem anencefalia). O levantamento ouviu 2.000 pessoas entre homens e mulheres de todas as regiões brasileiras, todos maiores de 16 anos.
"A gente pensa que o discurso contra o aborto é hegemônico quando, na verdade, ele é mais forte do que numeroso. São poucas pessoas fazendo muito barulho", afirma a diretora de pesquisa do Instituto Locomotiva.
A pesquisa foi focada na opinião dos brasileiros acerca do aborto em casos de gravidez em decorrência de estupro e mostra que a maioria da população brasileira é a favor das vítimas decidirem se querem ou não interromper a gravidez de forma segura e legal em um hospital público.
Para a presidente do Instituto, outros dois dados da pesquisa deixam essa percepção mais clara: 64% dos brasileiros concorda que ninguém faz um aborto porque quer, mas porque precisa; além disso, 64% entendem que o direito ao aborto deve ser discutido no âmbito da saúde pública e dos direitos humanos, não de religião ou segurança pública.
Foto Destaque: Mulher manifestando em ato pró aborto em São Paulo. Reprodução/site BBC BRASIL