O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi questionado sobre a guerra de Israel contra o grupo terrorista Hamas e voltou a classificar a situação como um genocídio contra os palestinos, durante entrevista no Palácio do Planalto, na tarde desta terça-feira (3).
O presidente também declarou que Israel precisa “parar com o vitimismo” diante das acusações de antissemitismo: “[Israel] vem dizer que é antissemitismo? Precisa parar com esse vitimismo. O que está acontecendo na Faixa de Gaza é um genocídio, é a morte de mulheres e crianças que não estão participando da guerra." Lula também ironizou a nota divulgada pela Embaixada de Israel no Brasil, que, sem citar o presidente, afirmou que autoridades ao redor do mundo estariam “comprando mentiras” produzidas sobre o Hamas.
Anteriormente, Lula chegou a comparar o conflito entre Israel e Palestina ao Holocausto, o que gerou fortes críticas por parte das autoridades israelenses no Brasil.
Posição do Brasil
Desde o início do conflito, em outubro de 2023 — que já causou a morte de cerca de 50 mil pessoas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza — o governo brasileiro tem defendido que ambas as partes cheguem a um acordo de cessar-fogo e que Israel permita a entrada de ajuda humanitária em Gaza.
Lula em entrevista no Palácio do Planalto (Vídeo: reprodução/Youtube/CNN Brasil)
Propostas foram apresentadas por ambos os lados, mas Israel exige a libertação dos reféns israelenses e a eliminação do grupo Hamas, enquanto Abu Zuhri, porta-voz da organização, exige a retirada completa das tropas israelenses da Faixa de Gaza.
Antissemitismo e Antissionismo
As declarações de Lula ocorrem em um momento em que o governo de Donald Trump, nos Estados Unidos, tem implantado a ideia de que as críticas a Israel configuram antissemitismo, acusando os defensores da causa palestina de preconceito contra judeus. Esse tema tem gerado intenso debate nas redes sociais, principalmente sobre a diferença entre antissemitismo e antissionismo (oposição ao Estado de Israel).
O sionismo surgiu no século XIX com o objetivo de reconhecer a ‘terra prometida’ aos judeus no território da Palestina, região conhecida por eles como a antiga Terra de Israel. Em 1948, a ONU recomendou a divisão do território em dois Estados — um judeu e outro árabe — dando origem ao Estado de Israel e separando o território palestino. No entanto, muitos árabes são contrários à essa divisão, e por isso os dois grupos divergem suas ideias políticas e territoriais.
Recentemente, a ativista sueca Greta Thunberg partiu em um barco rumo a Gaza levando ajuda humanitária. Um ator de "Game Of Thrones" e um brasileiro estão presente na tripulação como voluntários. Greta é fortemente acusada de antissemitismo por grupos pró-Israel.
Em breve, Lula embarca para a França para uma série de compromissos, e espera-se que a situação na Faixa de Gaza seja um dos temas discutidos com o presidente francês, Emmanuel Macron.
Foto Destaque: Lula em coletiva de imprensa (Reprodução/X/@LulaOficial)