O Lollapalooza acontece na zona sul de São Paulo, os shows começam a partir da sexta-feira (24), é um festival multimilionário com várias atrações renomadas e com artistas internacionais. Porém nessa semana o festival foi flagrado submetendo trabalhadores a condições análogas a escravidão. Nesta terça-feira (21) foi registrada a situação, após uma fiscalização realizada pelo Ministério Público do Trabalho no Autódromo de Interlagos, que é o local onde será realizado o festival de música.
Cinco homens estavam trabalhando como carregadores de bebidas, com jornadas que duravam 12 horas, conforme foi divulgado, os trabalhadores informais tinham entre 22 e 29 anos de idade e atuavam sem registros trabalhistas obrigatórios.
Um dos funcionários resgatados informou que depois que eles levavam os engradados e caixas pra lá e pra cá, eles eram obrigados pela chefia a ficar na tenda de depósito, dormindo em cima de papelão e dos paletes para vigiar a carga.
De acordo com o auditor fiscal Rafael Brusque Neiva, ele participou da operação realizada pela Superintendência Regional do Trabalho no Estado de São Paulo, os trabalhadores dormiam no espaço do Autódromo, instalados em uma tenda aberta e no chão, sem receber utensílios de higiene e equipamentos de proteção.
Lollapalooza é flagrado com trabalhadores escravizados em São Paulo (Foto:Reprodução/Ministério do Trabalho e Emprego)
Em um comunicado divulgado pela Time 4 Fun (T4F), que é a empresa responsável por realizar o Lollapalooza, os cincos trabalhadores eram contratados pela Yellow Stripe, que é a empresa terceirizada que ficou responsável pela operação de alimentos e bebidas no evento.
Na nota eles informaram que nesta semana, durante uma fiscalização do Ministério do Trabalho no Autódromo de Interlagos, foram identificados 5 profissionais da Yellow Stripe, que, na visão dos auditores, se enquadrariam em trabalho análogo à escravidão. Os mesmos trabalharam durante 5 dias dentro do Autódromo de Interlagos e, segundo apurado pelos auditores, dormiram no local de trabalho, algo que é terminantemente proibido pela T4F.
A T4F deixou claro que encerrou imediatamente o contrato que tinha com a Yellow Stripe e que considerou a situação como um fato isolado. As duas empresas serão obrigadas a ressarcir financeiramente cada funcionário em aproximadamente R$10 mil, pelas verbas rescisórias, horas extras e salário.
“Nós não temos nenhuma dúvida de que a T4F foi omissa e faltou com a devida diligência no seu dever legal de fiscalizar o cumprimento da legislação trabalhista por parte da contratada”, afirmou Rafael Augusto Vido da Silva, inspetor que também participou da ação de resgate.
Em 2019 moradores de rua foram contratados por R$50 para cumprir diárias de 12 horas para montar os palcos. Foi um trabalho degradante, já que o Lollapalooza é um dos maiores e mais ricos festivais, acabou chamando a atenção da equipe de fiscalização que informou que a situação que presenciaram é emblemática para entender as raízes do problema do trabalho análogo ao de escravo no país.
Comunicado Lollapalooza
Para realizar um evento do tamanho do Lollapalooza Brasil, que ocupa 600 mil metros quadrados no Autódromo de Interlagos e tem a estimativa de receber um público de 100 mil pessoas por dia, o evento conta com equipes que atuam em diferentes frentes de trabalho, em departamentos que variam da comunicação a operação de alimentos e bebidas, da montagem dos palcos a limpeza do espaço e a segurança. São mais de 9 mil pessoas que trabalham diretamente no local do evento e são contratadas mais de 170 empresas prestadoras de serviços.
A T4F, responsável pela organização do Lollapalooza Brasil, tem como prioridade que todas pessoas envolvidas no evento tenham as devidas condições de trabalho garantidas e, portanto, exige que todas as empresas prestadoras de serviço façam o mesmo.
Nesta semana, durante uma fiscalização do Ministério do Trabalho no Autódromo de Interlagos, foram identificados 5 profissionais da Yellow Stripe (empresa terceirizada responsável pela operação dos bares do Lollapalooza Brasil), que, na visão dos auditores, se enquadrariam em trabalho análogo à escravidão. Os mesmos trabalharam durante 5 dias dentro do Autódromo de Interlagos e, segundo apurado pelos auditores, dormiram no local de trabalho, algo que é terminantemente proibido pela T4F.
Diante desta constatação, a T4F encerrou imediatamente a relação jurídica estabelecida com a Yellow Stripe e se certificou que todos os direitos dos 5 trabalhadores envolvidos fossem garantidos de acordo com as diretrizes dos auditores do Ministério do Trabalho. A T4F considera este um fato isolado, o repudia veementemente e seguirá com uma postura forte diante de qualquer descumprimento de regras pelas empresas terceirizadas.
Foto Destaque: Festival Lollapalooza (Foto:Reprodução/WegoOut)