O Irã está acumulando urânio enriquecido a 60%, um nível alarmantemente próximo ao necessário para a fabricação de armas nucleares, segundo um relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) divulgado nesta segunda-feira (27). O documento revela que o país possui atualmente 142 quilos de urânio enriquecido a essa porcentagem, um aumento significativo em comparação aos 122 quilos registrados em fevereiro.
Diálogo interrompido pela morte do presidente Raisi
Ex- presidente do Irã, Ebraham Raisi (Foto: reprodução/ Ahmad Al-Rubaye/ Getty Images Embed)
A morte do presidente Ebrahim Raisi e do ministro das Relações Exteriores do Irã em um acidente de helicóptero no dia 19 de maio interrompeu o já tenso diálogo entre a AIEA e o governo iraniano. O incidente agravou a dificuldade dos inspetores da ONU em monitorar o programa nuclear do país, situação que se deteriorou desde o fim do acordo nuclear de 2015, abandonado pelos Estados Unidos em 2018 sob a administração de Donald Trump.
Capacidade técnica de produzir armas nucleares
Rafael Mariano Grossi, chefe da AIEA, alertou que, tecnicamente, o Irã tem a capacidade de enriquecer urânio até o grau de 90%, usado em armas nucleares. Ele destacou que, no papel, o país pode fabricar bombas nucleares se assim desejar, embora Teerã insista que seu programa nuclear tem fins pacíficos.
As quantidades de urânio enriquecido a níveis inferiores a 60% também aumentaram, totalizando 6.201,3 quilos, bem acima do limite autorizado pelo acordo nuclear de 2015. A impossibilidade de monitorar adequadamente o programa nuclear iraniano é agravada pelas tensões regionais, como o conflito contínuo entre Israel e o grupo terrorista Hamas.
Desafios para a monitorização internacional
A AIEA continua pressionando para retomar as inspeções completas no Irã, um processo que enfrenta grandes obstáculos devido às mudanças políticas e às tensões no Oriente Médio. Enquanto isso, a comunidade internacional observa com crescente preocupação o desenvolvimento nuclear iraniano e suas possíveis implicações para a segurança global.
Foto Destaque: mulher fazendo análises em uma centrífuga (reprodução/ AFP/ Getty Images)