No último domingo (26), agentes do Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA (ICE) iniciaram uma operação em Chicago, que resultou em mais de 2.300 prisões de imigrantes em situação irregular. A ação, que contou com o apoio de diversas agências federais, faz parte da estratégia do governo Donald Trump para reforçar suas rígidas políticas anti-imigração, marcando o início de seu segundo mandato na presidência.
As operações foram realizadas em bairros de Chicago, conhecidos pela presença de comunidades imigrantes, causando um clima generalizado de apreensão. Chicago, que é tradicionalmente um reduto democrata, viu suas autoridades locais se posicionarem contra as medidas. O prefeito Brandon Johnson declarou que a cidade não cooperará com as ações federais: “Temos a responsabilidade de proteger nossos residentes e respeitar seus direitos, independentemente de seu status migratório”, afirmou outro imigrante.
Operação prendeu mais de 2 mil imigrantes ilegais (Foto: reprodução/Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA (ICE))
Impacto além das fronteiras
As consequências das ações do ICE foram sentidas até mesmo fora dos Estados Unidos. Na sexta-feira (24), um avião com 88 brasileiros deportados pousou em Manaus. As condições do voo geraram polêmica: os deportados chegaram algemados nas mãos e pés, o que levou o Itamaraty a cobrar explicações do governo americano: “Fomos tratados como bichos. Eles nos humilharam durante todo o voo,” relatou um dos deportados.
Para os brasileiros que continuam nos Estados Unidos, o clima de medo é constante. Muitos relataram que agora evitam sair de casa ou ir ao trabalho: “Estamos vivendo um pesadelo. Só queremos viver com dignidade,” disse um imigrante que pediu anonimato.
Os policiais bateram de porta em porta (Foto: reprodução/Serviço de Imigração e Controle de Alfândega dos EUA (ICE))
Medidas que dividem o país
Desde que reassumiu a presidência, Donald Trump introduziu uma série de medidas rigorosas contra a imigração ilegal, reacendendo debates aquecidos no país. Entre as principais ações, ele restabeleceu a política de deportação expressa, permitindo que imigrantes sem comprovação de residência nos Estados Unidos há pelo menos dois anos sejam expulsos sem direito a audiência judicial. Além disso, emitiu uma ordem executiva que revoga a cidadania automática para filhos de imigrantes ilegais nascidos no território americano, desafiando a 14ª Emenda da Constituição.
Outra mudança significativa foi a permissão para que agentes de imigração realizem transações em locais antes considerados protegidos, como hospitais, lojas e escolas, ampliando o alcance das fiscalizações. Essas medidas, apesar de bem recebidas por apoiadores que defendem um controle mais rígido das fronteiras, enfrentam forte resistência de defensores dos direitos humanos e de lideranças democratas, que são classificadas como cruéis e inconstitucionais.
Resistência e resiliência
Apesar do cenário desafiador, comunidades imigrantes estão se unindo para oferecer apoio. Organizações locais estão promovendo workshops sobre direitos dos imigrantes e criando redes de solidariedade: "Estamos aqui para apoiar uns aos outros. Não podemos deixar o medo nos paralisar,” afirma líder comunitário na cidade.
Enquanto isso, famílias estão assustadas, com medo e vivem na incerteza: “Meus filhos perguntam se vamos ser levados. Não sei como explicar que tudo o que queremos é uma vida tranquila,” desabafa uma imigrante.
A batalha por direitos e dignidade continua, mesmo diante das portas que se fecham – tanto nas casas quanto nas políticas de imigração.
Foto Destaque: Agente do ICE, a polícia de Imigração e Alfândega dos EUA (Reprodução/Poder 360/Embaixada e Consulado dos EUA no Brasil)