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Hospitais do Afeganistão vivem um colapso, afirma Unicef

Hospitais no Afeganistão sobrevivem em meio ao caos, de doações internacionais. Crianças são as que mais sofrem com a superlotação de hospitais com poucos equipamentos.

19 Mai 2023 - 10h24 | Atualizado em 19 Mai 2023 - 10h24
Hospitais do Afeganistão vivem um colapso, afirma Unicef Lorena Bueri

Segundo a Unicef, cerca de 167 crianças morrem diariamente em hospitais no Afeganistão, em decorrência de doenças que poderiam ser tratadas – poderiam e deveriam ser tratadas com a medicação adequada. Esse número assombroso é apenas uma estimativa. A maioria dos quartos dos hospitais estão lotados de crianças doentes, com pelo menos duas crianças em cada cama. As crianças têm seus pequenos corpos devastados e contaminados pela pneumonia. O hospital conta com apenas duas enfermeiras que cuidam de 60 crianças.

Neste hospital, não há um único ventilador funcionando. As mães seguram os tubos de oxigênio próximo ao nariz dos bebês, já que não há máscaras que se encaixem em seus pequenos rostos. As mães tentam fazer o que deveria ser feito por funcionários treinados como substituir equipamentos médicos.

Em um dos quartos, há 20 bebês, aparentemente em estado mais grave de saúde. Essas crianças deveriam contar com um acompanhamento de forma contínua e intensiva, o que se tornou impossível neste hospital. E, para as milhares de pessoas que vivem na cidade de Ghor, este hospital básico, ainda assim, é o hospital público com equipamentos a que elas conseguem ter acesso.


Criança afegã sofre com a falta de equipamentos para tratar uma pneumonia. (Foto: Reprodução — BBC)


A saúde pública do Afeganistão nunca foi satisfatória. O dinheiro dos países exteriores que financiava quase que em totalidade a assistência médica do país, foi congelado em agosto de 2021, quando o Talibã tomou o poder do país. 

O que ocorre em Ghor traz à debate sérias questões sobre os motivos que levaram à saúde pública do Afeganistão colapsar de forma tão rápida, mesmo depois de bilhões de dólares terem sido enviados pela comunidade internacional por 20 anos, até o ano de 2021. A população e a comunidade internacional chegam a se questionar: Se um hospital público não tem um único ventilador para os pacientes, para onde foi todo o dinheiro doado por 20 anos?

O dinheiro não pode mais ser oferecido diretamente para o governo do Talibã, pois não é reconhecido internacionalmente. Por isso, agências humanitárias estão financiando os salários dos funcionários, médicos e o custo das medicações e alimentação. Este financiamento permite manter hospitais apenas funcionando. E até este dinheiro, que já é altamente insuficiente, também está ameaçado. As agências humanitárias alertaram que seus doadores podem reduzir o financiamento devido às restrições que o Talibã sobre os direitos das mulheres, incluindo a proibição de que mulheres afegãs trabalharem para as Nações Unidas e para ONGs, violando completamente os direitos internacionais.

Foto destaque: Mães sofrem com a superlotação de hospitais e com a baixa qualidade de tratamento para seus filhos. Reprodução — BBC

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