A Argentina enfrenta uma greve geral nesta quinta-feira (9), que resultou no cancelamento de mais de 700 voos, afetando diretamente a conectividade aérea com o Brasil e outros destinos. A paralisação, sendo a segunda em apenas cinco meses sob a administração de Javier Milei, reflete o descontentamento dos sindicalistas com as reformas propostas pelo governo.
Houve a suspensão de quase 400 voos nos principais aeroportos de Buenos Aires, Ezeiza e Aeroparque Jorge Newbery, impactando cerca de 55 mil passageiros. A administradora destes aeroportos confirmou a magnitude das interrupções.
Argentinos protestam contra governo do presidente Javier Milei (Foto: reprodução/Lucas Aguayo/GettyImages Embed)
Companhias aéreas sofrem prejuízo
As companhias aéreas tiveram que se adaptar rapidamente à situação. A Gol Linhas Aéreas cancelou todos os seus voos para a Argentina, afetando pelo menos oito conexões com o Brasil. Em resposta, a empresa anunciou voos extras para o dia seguinte e ofereceu aos passageiros afetados a opção de alterar seus voos sem custos adicionais ou solicitar reembolso integral.
A Latam Airlines seguiu o exemplo, cancelando dez voos e apresentando alternativas para os passageiros, incluindo a possibilidade de mudar passagens sem custos adicionais por até uma semana após a data original. A Aerolíneas Argentinas, por sua vez, cancelou 191 voos, afetando cerca de 24 mil passageiros e gerando um custo estimado de US$ 2 milhões.
Outras empresas estrangeiras também foram forçadas a cancelar voos e ajustar operações, como a Flybondi que transferiu suas atividades para o Aeroporto Internacional de Ezeiza para manter os serviços para o Rio de Janeiro e São Paulo.
Insatisfação do povo com governo de Milei
A greve é uma resposta direta ao projeto de lei do novo presidente, que visa mudanças na administração pública e em várias leis nacionais. O projeto, que já foi aprovado pela Câmara dos Deputados, aguarda votação no Senado. Se aprovado, permitirá ao governo dissolver entidades públicas e privatizar empresas estatais, incluindo a Aerolíneas Argentinas, além de liberalizar a importação e exportação de hidrocarbonetos e reformar a legislação trabalhista.
O impacto da greve se estendeu além dos aeroportos, com a paralisação de trens e metrôs em Buenos Aires e a interrupção da maioria dos serviços de ônibus. Bancos e muitos negócios permaneceram fechados devido à falta de transporte.
Foto Destaque: argentinos protestam contra o governo de Milei e fazem greve geral (Reprodução/Bloomberg/GettyImages Embed)