A Rússia acaba de divulgar vacinas personalizadas para combater o câncer, uma das doenças que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mata cerca de 10 milhões de pessoas por ano. O imunizante, com distribuição gratuita prevista para 2025, utiliza a tecnologia RNA mensageiro ou mRNA, semelhante às vacinas contra a Covid-19, e vírus não-patogênicos para combater tumores.
Entenda com funciona o imunizante
O Ministério da Saúde russo, através do Centro Nacional de Pesquisa Médica, trouxe à tona duas vacinas: personalizada com mRNA e Enteromix. A primeira, com tecnologia conhecida no combate à Covid-19, foi criada com base na análise genética e características específicas de cada tumor. Ou seja, ao liberar o RNA no organismo do paciente, as células começam a fabricar uma proteína que, ao entrar no sistema imunológico, produz anticorpos de defesa.
A segunda foi formulada através da combinação de quatro vírus não-patogênicos para destruir as células cancerígenas e ativar a imunidade do paciente oncológico simultaneamente. Ambas foram submetidas a resultados positivos em ensaios pré-clínicos, mas não há histórico de comprovação de eficácia ou segurança publicados em estudos científicos.
Cédulas cancerígenas no organismo (Foto: reprodução/Freepik)
O que dizem os especialistas
Em entrevista à revista Newsweek, o imunologista e professor do Trinity College, em Dublin, na Irlanda, Kingston Mills, trouxe um alerta sobre os testes dos imunizantes. "Não há nada nos periódicos científicos sobre isso [...] Não vi nenhum estudo sobre isso, então não tenho nada para dizer em termos de ciência", disse. Apesar de promissor, para ele é questionável uma única vacina ser capaz de lutar contra dezenas de tipos de câncer, desenvolvidos por inúmeras causas.
Ao G1, a gerente sênior de pesquisas do A.C.Camargo Cancer Center, Mariana Brait, apontou a não identificação de publicações com dados substanciais sobre a produção do imunizante RNA mensageiro, por exemplo. “Não identificamos uma vacina que esteja sendo feita por grupo russo que mostre resultados promissores para a oncologia”, disse.
Corrida contra o câncer
Nos países europeus como Reino Unido, Alemanha, Bélgica, Espanha e Suécia, e nos Estados Unidos existem registros de vacinas para células cancerígenas causadoras do melanoma - câncer de pele em estágio letal, e do câncer de próstata. Empresas como a farmacêutica "Moderna" e a biotecnologia "BioNTech" fazem parte desse desenvolvimento.
"Há diversas vacinas sendo estudadas no âmbito da oncologia. Vacinas de RNA sendo desenvolvidas e olhando para diversos alvos personalizados, outras desenvolvidas para um câncer específico, como o de pâncreas. Em Oxford estão buscando tratar o câncer de óvario", completou Marina.
Além disso, existe, desde 2006, a vacina contra o HPV, distribuída pelo SUS para crianças e adolescente de 9 a 14 anos, a qual previne o câncer de colo de útero, pênis, vulva, vagina, canal anal, garganta e orofaringe.
Foto destaque: Governo russo anuncia vacinas personalizadas contra o câncer para 2025 (Reprodução/Freepik)