Conhecido como um dos nomes mais importantes da fotografia mundial, Sebastião Salgado morreu nesta sexta-feira (23), aos 81 anos. O brasileiro faleceu em Paris, na França, onde vivia desde 1969. A informação foi confirmada pelo Instituto Terra, organização não governamental (ONG) fundada por ele e sua esposa, Lélia Wanick.
"Sebastião foi muito mais do que um dos maiores fotógrafos de nosso tempo. Ao lado de sua companheira de vida, Lélia Deluiz Wanick Salgado, semeou esperança onde havia devastação e fez florescer a ideia de que a restauração ambiental é também um gesto profundo de amor pela humanidade. Sua lente revelou o mundo e suas contradições; sua vida, o poder da ação transformadora", diz a nota publicada pelo Instituto Terra.
Legado do fotógrafo
Sebastião Ribeiro Salgado Júnior nasceu em 1944, na cidade de Aimorés, no Vale do Rio Doce. O minério cresceu cercado pela natureza e pelas paisagens do interior, cenário que moldou o olhar humanista que marcaria sua fotografia.
Formado em Economia, ele começou a fotografar na década de 1970, trazendo um olhar analítico e documental. Com suas composições em preto e branco, contava histórias centradas em questões sociais, humanitárias e ambientais, mostrando a realidade da gente simples, a dignidade humana em meio à adversidade, a beleza da natureza, assim como as consequências das ações humanas sobre ela.
Exposição "Amazônia" de Sebastião Salgado em Avignon, França (Foto: reprodução/Instagram/@sebastiaosalgadooficial)
"Suas imagens, expostas em importantes instituições culturais e destacadas em publicações de todo o mundo, se transformaram em um símbolo do jornalismo fotográfico contemporâneo", reconheceu a Organização Mundial de Fotografia.
Reconhecimento global
Ao longo de mais de 50 anos de carreira, trabalhou para grandes agências como Sygma, Gamma e Magnum. Suas fotos receberam os mais importantes prêmios da fotografia mundial e fazem parte das coleções de diversos museus e instituições renomadas.
Ele recebeu diversas honrarias, como a comenda da Ordem do Rio Branco no Brasil, foi Embaixador da Boa Vontade da UNICEF e membro da Academia Americana de Artes e Ciências dos Estados Unidos, além da Academia de Belas Artes da França.
Fotos do livro "Terra" (1997), de Sebastião Salgado (Foto: reprodução/Instagram/@sebastiaosalgadooficial)
Ganhou reconhecimento mundial por seus registros impactantes, como "Serra Pelada", "Trabalhadores" e "Êxodos". Viajou por mais de 120 países documentando histórias reais. Em 2024, foi homenageado pelo Sony World Photography Awards por sua "destacada contribuição à fotografia".
Sebastião Salgado anunciou sua aposentadoria no ano passado, afirmando que seu corpo sentia “os impactos de anos de trabalho em ambientes hostis e desafiadores”. Ele convivia com sequelas de uma malária contraída em 1990, que não foi tratada de forma adequada, além de problemas na coluna vertebral decorrentes de um acidente em 1974, quando uma mina terrestre atingiu seu veículo durante a guerra de independência de Moçambique.
Foto destaque: Sebastião Salgado no Festival Culture Route, em Istambul, no ano passado (Reprodução/Getty Images Embed/Cem Tekkesinoglu/Anadolu)