O Exército do país, em nota divulgada nesta quinta-feira (26), informou a prisão administrativa de 17 militares pelo furto de metralhadoras do Arsenal de Guerra de São Paulo, localizado em Barueri: "O Comando Militar do Sudeste (CMSE) informa que 17 (dezessete) militares do Arsenal de Guerra de São Paulo (AGSP) cumprem punição disciplinar, sancionados à luz do Regulamento Disciplinar do Exército (RDE), por falha de conduta e/ou erro de procedimento nos processos de fiscalização e controle de armamento".
O sumiço das armas foi notado durante uma inspeção no local realizada no dia 10 deste mês. Ao todo, 21 metralhadoras foram furtadas, sendo 13 de calibre .50 - usadas para controle antiaéreo - e as outras 8 de calibre 7,62. Do total, 17 já foram recuperadas pelas polícias do Rio de Janeiro e São Paulo.
Segundo Guilherme Derrite - Secretário de Segurança Pública Paulista, os armamentos foram negociados com duas facções criminosas, o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC).
Recuperação de armas roubadas do Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri (Foto: Reprodução/Polícia Civil)
Dinâmica do crime
A suspeita é que o crime tenha ocorrido a partir do feriado da Independência do Brasil, em 7 de setembro, quando houve um corte intencional da energia elétrica, resultando em um "apagão" que fez com que o sistema de câmeras de segurança internas do Arsenal ficasse paralisado.
A última conferência desses armamentos teria sido feita no dia 6 de setembro, somente 33 dias após os sinais de arrombamento foram percebidos por um subtenente, no dia 10 de outubro.
Peritos do Exército encontraram impressões digitais de militares deste quartel em alguns dos quadros de energia. Até o momento, a suspeita é que um cadeado do local teria sido arrombado e também o lacre da fiscalização, adulterado.
Rivelino Barata de Sousa Batista, tenente-coronel que dirigia a base militar, foi exonerado do cargo após o crime e transferido para outra unidade militar, o mesmo não é investigado no inquérito do furto dos armamentos. Em seu lugar, assumiu o coronel Mário Victor Vargas Júnior, que comandará o Arsenal de Guerra de São Paulo, local onde ocorreu o crime.
No último dia 10, todos os 480 militares presentes no local ficaram aquartelados, sem acesso aos seus celulares pessoais. Somente após uma semana a liberação gradual dos militares foi iniciada.
Um cabo motorista de coronel está entre os principais suspeitos do furto, ele está sendo investigado por transportar todas as metralhadoras furtadas. O Exército investiga se o carro utilizado pelo suspeito foi o veículo oficial do então diretor do quartel para a entrega das armas negociadas com as facções criminosas.
Punição administrativa dos militares
Esta é uma punição interna do Exército, que considerou os 17 militares - de diferentes patentes - responsáveis pelos crimes de omissão e negligência. A omissão teria sido considerada pelos militares terem permitido o desaparecimento das armas e negligentes pelo tempo de demora para informar o sumiço do armamento aos seus superiores.
A punição pode chegar a até 20 dias de prisão disciplinar e paralelamente há uma investigação em outra instância pelo Inquérito Policial Militar que pode inclusive investigar civis podendo vir a condenar os mesmos militares punidos bem como outros civis que podem ter o seu envolvimento confirmado.
Foto destaque: Arsenal de Guerra de São Paulo, em Barueri (Reprodução/Zanone Fraissat/Folha Press)