Risco de fuga e violação na tornozeleira levam à prisão de Bolsonaro

Bolsonaro é preso após suspeita de fuga e violação da tornozeleira; convocação de vigília por Flávio pesa na decisão e o STF avalia os próximos passos

23 nov, 2025
Bolsonaro realizando comparações do seu governo com o atual do país | Reprodução/ Instagram/ @jairmessiasbolsonaro
Bolsonaro realizando comparações do seu governo com o atual do país | Reprodução/ Instagram/ @jairmessiasbolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi levado pela Polícia Federal na manhã deste sábado após o Supremo Tribunal Federal entender que ele violou as regras do monitoramento eletrônico e demonstrava possibilidade de deixar o território nacional preocupação ampliada após o anúncio de uma vigília em frente à sua casa. A decisão, expedida pelo ministro Alexandre de Moraes, busca garantir a ordem pública e assegurar o cumprimento das medidas impostas pela Justiça enquanto o caso segue em análise.

Violação na tornozeleira eletrônica de Bolsonaro

O ex-presidente Jair Bolsonaro foi detido pela Polícia Federal na capital federal após o ministro Alexandre de Moraes autorizar novamente sua custódia preventiva. A ordem foi fundamentada em um documento da PF que indicou tentativa de interferência no dispositivo de monitoramento e possibilidade de evasão, avaliação que ganhou força depois de Flávio Bolsonaro convocar simpatizantes para se reunirem nas proximidades da casa do pai. Os advogados do ex-presidente reagiram, afirmando que a decisão carece de base concreta, estaria relacionada apenas a um encontro de caráter religioso e ressaltaram que o ex-presidente permanecia sob vigilância contínua no momento em que foi preso.

A defesa também afirma que a saúde de Jair Bolsonaro é delicada e que a prisão pode piorar seu estado, razão pela qual os advogados dizem que irão contestar a decisão. Questionamentos sobre a interferência na tornozeleira admitida anteriormente pelo próprio ex-presidente não foram esclarecidos pelos representantes legais. Mais tarde, o advogado Paulo Cunha Bueno declarou à imprensa que o tema da tornozeleira seria apenas um argumento usado para sustentar a prisão, mas evitou comentar diretamente a alteração registrada no equipamento.

Flávio Bolsonaro criticou a ordem de prisão em uma live no YouTube, dizendo que a medida atinge a liberdade religiosa, manteve o chamado para a vigília e responsabilizou o ministro Alexandre de Moraes por qualquer agravamento da saúde do pai. A manifestação ocorreu no começo da noite, reunindo o senador, aliados e o vereador Carlos Bolsonaro.


Foto do Bolsonaro

Bolsonaro explicando o imposto que será aplicado pelo atual governo (Foto: reprodução/ Instagram/ @jairmessiasbolsonaro)


A decisão também gerou reações de figuras próximas ao ex-presidente, que classificaram a medida como exagerada. Após ser detido, Bolsonaro foi levado para a Superintendência da Polícia Federal no DF, onde ficará em uma Sala de Estado espaço destinado a autoridades que recebem tratamento diferenciado no cumprimento da prisão.

O caso será avaliado pela Primeira Turma do STF em uma sessão virtual marcada para segunda-feira, enquanto a audiência de custódia está agendada para domingo ao meio-dia. Moraes também negou o pedido da defesa para que Bolsonaro cumprisse a medida em casa por motivos humanitários. Os advogados sustentam que seu estado de saúde com relatos de problemas cardíacos, pulmonares, gastrointestinais, neurológicos e oncológicos tornaria a prisão arriscada. Com a nova detenção, Bolsonaro passa a ser o quarto ex-presidente brasileiro a ser preso em menos de dez anos.

O que Alexandre de Moraes diz na ordem de prisão

Na nova determinação, Alexandre de Moraes afirma que o chamado de Flávio Bolsonaro para uma vigília poderia atrair um grande número de pessoas, criando um ambiente que dificultaria tanto o trabalho de fiscalização quanto a execução de ordens judiciais. Para o ministro, essa mobilização foi interpretada como uma tentativa de criar obstáculos ao cumprimento de medidas legais justamente no momento em que o processo se aproxima de sua fase definitiva, quando não restam mais recursos para a defesa.

O relato também menciona que a integridade comprometida da tornozeleira eletrônica reforçou a suspeita de que Bolsonaro buscava se afastar do controle das autoridades. Um documento da Secretaria de Administração Penitenciária do Distrito Federal registrou um alerta pouco depois da meia-noite, indicando danos expressivos no equipamento que apresentava sinais de queimadura em toda a área de fechamento.

Quando agentes compareceram ao local para averiguar o alerta, o ex-presidente admitiu ter utilizado um ferro de solda, alegando curiosidade. O dispositivo foi substituído na sequência. Na avaliação de Moraes, o episódio demonstra a intenção de danificar o monitoramento eletrônico como forma de possibilitar uma fuga, que poderia ser favorecida pelo tumulto provocado pela mobilização convocada pelo filho do ex-presidente.

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