Na última semana, o ex-ajudante de ordens presidencial, Mauro Cid assinou um acordo de delação premiada no inquérito que investiga as milícias digitais. Mauro era braço direito do ex-presidente da república Jair Messias Bolsonaro.
Com a negociação da delação premiada, Mauro provavelmente denunciará quem eram os autores dos crimes relacionados às milícias digitais; caso denuncie Bolsonaro, este poderá se tornar réu no processo e até poderá ser preso.
Inquéritos em sigilo de justiça
Há outros inquéritos sob segredos de justiça, determinado pelo Ministro do Superior Tribunal Federal, (STF), Alexandre de Moraes, os que foram assinados acordo de delação premiada. Os processos da venda das joias recebidas por autoridades, possível falsificação do cartão vacinal, e diálogos de caráter golpista que foram encontrados no celular de Mauro, são os que estão sob sigilo.
Possível prisão de Bolsonaro
Sobre o caso da venda das joias recebidas como presente de autoridades de outros países, para que o crime seja configurado como peculato é preciso uma comprovação forte de que Bolsonaro tenha dado ordens diretas para que se fosse feita a venda ou que ele se beneficiava de alguma forma do dinheiro obtido com os negócios ilícitos.
Fontes ouvidas pela revista Veja, relataram que Mauro Cid teria afirmado na delação que todo o valor recebido com a venda de dois relógios foi entregue nas mãos de Bolsonaro pessoalmente.
Jair Bolsonaro é investigado formalmente na investigação que averígua quem são os responsáveis e autores dos atos golpistas do dia 08 de janeiro. Existem indícios no inquérito de que o ex-presidente teria incitado ao crime, que tem pena de 3 a 6 meses de detenção ou multa.
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro (Foto: reprodução/X/@folha)
O que dizem as juristas
Mariângela Gama de Magalhães Gomes é professora de direito penal na USP e afirma que a minuta de golpe encontrada e que não foi concretizada pode sim indicar que havia pelo menos uma intenção de golpe por parte de Jair. Porém, para uma condenação, seriam precisas mais provas de ligação de Bolsonaro com os golpistas do dia 08 de janeiro.
Já Rossana Leques, que é mestre em direito penal na USP, se realmente o plano de golpe tenha ficado apenas na teoria e não haja nada que o ligue aos atos do dia 08 de janeiro, não configura crime algum. Porém se algo for comprovado, alguma ligação direta, o crime passa a ser configurado.
Foto destaque: Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. Reprodução/X/@folha