O discurso feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva marcou a abertura da 78ª sessão da Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas), na última terça-feira (19), em Nova York. O líder brasileiro foi o primeiro chefe de estado a falar no evento, e foi seguido pelo presidente estadunidense, Joe Biden.
Apesar do Brasil ter sido orador inaugural em edições anteriores, foi só na 10ª sessão da Assembleia Geral no ano de 1955, que o Brasil se tornou de fato o primeiro país a falar no evento. Oficialmente, não existe nenhum motivo formal que justifique esse privilégio dado ao Brasil. Porém, existem algumas teorias que ajudam a explicar a origem desta tradição.
Brasil foi voluntário nos primeiros encontros
Durante os primeiros anos da ONU, fundada em 1945, nenhum país do mundo queria ser o primeiro a falar na assembleia. O Brasil, se voluntariou, tendo sido o primeiro orador nas edições de 1949, 1950 e 1951. Mas foi só a partir da edição de 1955, que a organização oficializou o país como aquele que abriria as sessões.
Desde a edição no ano de 1955, a ordem de abertura tem sido: o secretário-geral da ONU, seguido pelo presidente da Assembleia Geral, sendo sucedido pelos representantes do Brasil e dos Estados Unidos, país sede. Os outros países falam por uma ordem estabelecida por um algoritmo que leva em consideração o nível de representatividade do orador.
As únicas vezes que o Brasil não realizou a abertura do evento foram nas sessões de 1983 e 1984, quando o presidente norte-americano da época, Ronald Reagan foi o primeiro a discursar na Assembleia.
Osvaldo Aranha
O Brasil não foi apenas um dos países fundadores da organização, mas foi o primeiro país a aderir à ONU. Com influência do então ministro de Relações Exteriores do governo Getúlio Vargas, Osvaldo Aranha.
O diplomata presidiu a 1ª Sessão Especial da Assembleia da ONU, realizada no ano de 1947, o chanceler brasileiro apoiou a divisão da Palestina com os judeus - que depois vieram a criar o Estado de Israel, um ano depois, em 1948.
Osvaldo Aranha garantiu que a votação não fosse adiada, de modo que a pauta não fosse esquecida. Sua atuação rendeu elogios de organizações de paz e também lhe rendeu a candidatura ao prêmio Nobel da Paz.
Osvaldo Aranha abrindo a primeira 1ª Assembleia Especial da Organização das Nações Unidas (ONU). (Foto: Reprodução/ O Globo)
Conselho de Segurança da ONU em 1945
O Brasil não participou do Conselho de Segurança da ONU em 1945. O discurso de abertura da Assembleia também é visto como um prêmio de consolação para a diplomacia brasileira pelas Nações Unidas.
Guerra Fria
Outra hipótese para explicar o discurso de abertura do Brasil na Assembleia, é que o país serviu como ponte diplomática na Guerra Fria entre os Estados Unidos e a União Soviética, o que foi muito valorizado na época quando o encontro foi criado. A Guerra Fria foi um confronto político-ideológico que foi travado entre os dois países de 1947 até 1991.
Foto destaque: Lula realizando o discurso de abertura, na última terça-feira (19). Foto: reprodução/ Ricardo Stuckert.