A Polícia Federal concluiu uma investigação de peso que aponta Jair Messias Bolsonaro como figura central em uma trama golpista para evitar a posse do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva. O relatório destaca que Bolsonaro participou ativamente em reuniões e decisões estratégicas para desestabilizar a ordem democrática.
As ações incluem a elaboração de um decreto golpista para intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e tentativas de cooptação das Forças Armadas. A minuta do decreto, encontrada com aliados do ex-presidente, tinha como objetivo anular o resultado das eleições de 2022 sob falsas alegações de fraude.
Os cinco eixos envolvendo Bolsonaro
O relatório final da Polícia Federal sobre a trama golpista detalhou a participação do ex-presidente Jair Messias Bolsonaro em várias etapas do plano para manter-se no poder por meio de um golpe de Estado. Os principais pontos incluem:
- Criação e disseminação de narrativas falsas: Bolsonaro teria contribuído diretamente para a construção e disseminação de narrativas falsas sobre vulnerabilidades e fraudes no sistema eletrônico de votação, utilizando essas informações para desacreditar o processo eleitoral e o resultado das eleições de 2022;
- Organização de reuniões e coordenação de atos golpistas: O ex-presidente participou de reuniões estratégicas, nas quais foram planejados ataques contra o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o Supremo Tribunal Federal (STF) e ações destinadas a promover o golpe de Estado, como a elaboração de um decreto presidencial para intervenção no TSE;
- Tentativas de cooptação de militares: Bolsonaro procurou obter apoio das Forças Armadas para legitimar a ruptura democrática. Ele chegou a apresentar a minuta de decreto golpista a comandantes militares, embora tenha encontrado resistência de alguns, como o comandante do Exército na época;
- Planejamento de ações clandestinas: O relatório aponta que equipes formadas por militares foram mobilizadas para realizar ações clandestinas, incluindo monitoramento e planejamentos de assassinatos de figuras como o ministro Alexandre de Moraes e o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, codificando tais operações como "Copa 2022". No entanto, as ações foram abortadas devido à resistência de militares legalistas;
- Uso de milícia digital e influenciadores: Bolsonaro teria apoiado a amplificação de narrativas antidemocráticas por meio de influenciadores digitais e a mobilização de manifestações em frente a instalações militares para criar um ambiente propício ao golpe.
Jair Messias Bolsonaro durante cerimônia militar em novembro de 2022 (Foto: reprodução/Tércio Teixeira/AFP)
Próximos passos na investigação
O indiciamento de Jair Bolsonaro pela Polícia Federal abre caminho para possíveis consequências legais e políticas. A Procuradoria-Geral da República (PGR) analisa o caso, enquanto movimentos políticos e sociais pressionam por respostas rápidas e rigorosas. A repercussão desse caso promete desdobramentos históricos para a democracia brasileira.
Possíveis consequências legais para Jair Bolsonaro
Se comprovada a participação de Bolsonaro nos eventos, pode levar a consequências legais graves para o ex-presidente. Além de ser inelegível até 2030, devido à condenação por abuso de poder político nas eleições de 2022, Bolsonaro pode enfrentar uma inelegibilidade ainda maior caso seja condenado pelos crimes de tentativa de golpe de Estado, organização criminosa e tentativa de abolição do Estado democrático de direito.
Se condenado, sua inelegibilidade pode se estender até 2061, o que o impediria de concorrer a cargos públicos até os 106 anos. A continuidade das investigações determinará a gravidade das punições, impactando seu futuro político. O ex-presidente pode ser barrado de futuras disputas eleitorais, comprometendo sua carreira política e sua capacidade de exercer influência no cenário nacional.
Foto destaque: Ex-presidente Jair Messias Bolsonaro (Reprodução/EVARISTO SA/Getty Images Embed)