Com as chuvas de quinta-feira (23), Canoas voltou a enfrentar cheias, agravando a situação de uma cidade já abalada pelas inundações no início de maio. Com o sistema de drenagem severamente comprometido, os moradores enfrentam novos alagamentos, um aumento nas doenças transmitidas por animais e se mobilizam em protesto.
Falhas na drenagem e protestos
Na quinta-feira (23), o bairro Niterói, em Canoas, que já estava se recuperando das inundações anteriores, voltou a enfrentar alagamentos. A chuva e o nível elevado do Rio Gravataí impediram o funcionamento adequado das bombas de drenagem, o que agravou a situação. "Vai vir mais chuva ainda, gente. O inverno está vindo. Como a gente vai viver com essa chuvarada? Tem que dar um jeito nessas bombas," disse a moradora Lisiane Machado Azeredo, ao G1.
A insatisfação dos moradores culminou em um protesto nesta sexta-feira (24), com o bloqueio da BR-116. Eles exigiram mais rapidez no bombeamento da água acumulada nos bairros. Guilherme Molin, superintendente de Infraestrutura, explicou que o sistema de bombeamento é prejudicado pela cheia do Rio Gravataí, o que compromete a capacidade.
Homem carrega gato resgatado bairro Rio Branco, em Canoas – RS (Reprodução/Anselmo Cunha/AFP/Getty Images Embed)
Aumento de doenças e medidas adotadas
A crise das enchentes em Canoas não só desalojou milhares de pessoas, mas também aumentou os casos de doenças transmitidas por animais, como a leptospirose. O estado do Rio Grande do Sul já registrou quatro mortes pela doença. A prefeitura de Canoas formou uma força-tarefa para lidar com o problema, especialmente no resgate e tratamento de animais afetados. Os abrigos, que acolhem cerca de 1,2 mil cães, receberam reforço do Grupo de Resposta a Animais em Resgate (Gras Brasil) e do Instituto Caramelo.
A situação precária dos animais, muitos dos quais foram resgatados de áreas contaminadas, requer cuidados especiais. "Eles aparecem normalmente com a mucosa amarelada, que a gente chama de icterícia; têm um olhar meio brilhoso; urina de coloração bem escura," explicou o veterinário Filipe Rosetti na reportagem do G1, destacando a necessidade de exames e isolamento para evitar a disseminação de doenças. Além disso, a prefeitura planeja contratar 60 tratadores e veterinários para melhorar a assistência nos abrigos.
Foto Destaque: Vista aérea mostrando o bairro inundado em Canoas – RS (Reprodução/Nelson Almeida/Getty Images Embed)