O Conselho de Segurança da ONU rejeitou hoje (18) uma resolução proposta pelo Brasil para instaurar pausas no conflito entre Hamas e Israel, visando fornecer ajuda humanitária. A rejeição ocorreu devido ao veto dos Estados Unidos, um dos cinco membros permanentes do Conselho com poder de veto. Para a aprovação da resolução, seriam necessários pelo menos 9 votos favoráveis e a ausência de veto por parte de qualquer membro permanente.
Resolução foi apoiada por 12 dos 15 membros do Conselho de Segurança
O veto dos Estados Unidos aconteceu mesmo com o apoio de 12 dos 15 membros do Conselho de Segurança. Além do Brasil, que preside o conselho desde 1º de outubro e apresentou a proposta, países como China e França votaram a favor da resolução. O objetivo da resolução era condenar os ataques do Hamas e instar Israel a encerrar o bloqueio à Faixa de Gaza.
EUA vetam resolução brasileira apresentada hoje (18) no conselho, e Rússia e Reino Unido se abstém. (Foto: reprodução/X/@UN_News_Centre)
Sérgio França Danese, embaixador do Brasil na ONU, expressou profunda decepção com o veto norte-americano. "Mais uma vez, o silêncio e a inação prevaleceram, para o interesse de ninguém a longo prazo. Embora lamentemos profundamente que a ação coletiva seja tornada impossível no Conselho de Segurança, esperamos que os esforços de outros atores produzam resultados positivos."
Rússia e Reino Unido, que se abstiveram na votação, também levantaram questões sobre a resolução. A Rússia chegou a propor emendas, que foram rejeitadas. Vassily Nebenzia, embaixador da Rússia na ONU, afirmou que as emendas propunham um apelo para acabar com ataques indiscriminados a civis e infraestruturas em Gaza, e a condenação do bloqueio imposto ao enclave. Para Nebenzia, "o tempo para metáforas diplomáticas já passou."
EUA justificam veto à resolução da ONU com direito de autodefesa de Israel
O Conselho de Segurança da ONU é composto por 15 membros, dos quais cinco são permanentes: China, França, Rússia, Reino Unido e Estados Unidos. Esses membros permanentes têm o poder de veto, que lhes permite impedir qualquer resolução substancial.
O presidente dos EUA Joe Biden está em Israel, e conversou o primeiro-ministro israelente Benjamin Netanyahu hoje de manhã. (Foto: reprodução/X/@POTUS)
Embora os vetos sejam frequentemente acompanhados de explicações, destaca-se a justificativa formal dos Estados Unidos, dada a crise humanitária na Faixa de Gaza e o apoio majoritário à proposta. "Como todas as nações do mundo, Israel tem o direito inerente de autodefesa, conforme refletido no artigo 51 da Carta da ONU. Após ataques anteriores de grupos como Al Qaeda e ISIS, este conselho reafirmou esse direito. O texto [da resolução] deveria ter feito o mesmo", disse a embaixadora dos EUA Linda Thomas-Greenfield.
Foto destaque: EUA vetaram hoje resolução apresentada pelo Brasil para pausas humanitárias no conflito Hamas-Israel. Reprodução/UNRWA/news.un.org.