Antes de ingressar na faculdade, Fouad Abu-Hijleh, de 25 anos e descendente de refugiados palestinos, desconhecia um mundo onde manifestar apoio aos palestinos fosse considerado controverso. Abu-Hijleh pertence a uma família que, como muitas outras, se estabeleceu na Jordânia após a Guerra Árabe-Israelense de 1948, um evento que os palestinos chamam de al-Nakba ou "a catástrofe".
Apoio espanhol ao povo palestino ocorreu na praça mais famosa de Madrid. (Foto: reprodução: X /Álvaro Laguna/Opera Mundi)
Abu-Hijleh não está sozinho nessa situação. Recentemente, um caminhão passou perto do campus da Universidade de Harvard exibindo nomes e fotos de estudantes cujas organizações assinaram uma declaração atribuindo exclusivamente a Israel a responsabilidade pelos ataques mortais do Hamas. Uma organização sem fins lucrativos conservadora alegou ser responsável por esse ato, intitulando o caminhão de "Os principais antissemitas de Harvard".
Ativistas palestinos de direitos humanos relatam que o doxxing não é uma prática nova. Eles temem perder empregos e sofrer danos psicológicos por defenderem um tratamento justo dos palestinos sob ocupação, ou simplesmente por serem de origem palestina.
O doxxing é a divulgação não autorizada de informações pessoais, muitas vezes com motivações maliciosas. O site em questão publicou informações sobre Abu-Hijleh, incluindo fotos não disponíveis em suas redes sociais, sua trajetória profissional e até mesmo seu nome no Facebook. Sua página permaneceu sob vigilância constante, aparecendo como um dos primeiros resultados nas buscas do Google.
As tensões entre apoiadores de Israel e defensores dos direitos dos palestinos têm se intensificado em campi universitários, particularmente após os recentes ataques do Hamas, que causaram mortes tanto em Israel quanto na Faixa de Gaza. Grupos pró-Israel vêm usando doxxing e listas negras como táticas para reprimir a expressão política pró-Palestina e aumentar os riscos para aqueles que defendem a causa palestina.
Lena Ghrama, estudante da Faculdade de Direito da City University of New York, também teve suas fotos e mensagens publicadas no mesmo site, mesmo mantendo sua mídia social privada e sem uma foto de perfil. Ela descreve que até mesmo eventos em que demonstrou seu apoio à Palestina foram documentados, embora não sinta vergonha de suas ações.
O fenômeno do doxxing está levando estudantes e ativistas a enfrentarem ameaças e riscos pessoais significativos, incluindo ameaças de morte e repercussões negativas em suas vidas profissionais. Diante disso, a prática tem gerado preocupações em relação à liberdade de expressão e à segurança dos defensores dos direitos dos palestinos.
É importante ressaltar que as críticas às políticas israelenses não devem ser confundidas com antissemitismo, e organizações judaicas, como o Harvard Hillel, condenaram os esforços para intimidar e expor estudantes que manifestaram opiniões críticas sobre Israel. A Aliança Internacional para a Memória do Holocausto ressalta que as críticas a Israel, quando comparáveis a críticas a qualquer outro país, não devem ser consideradas antissemitas. Os ativistas defendem que é essencial promover discussões abertas e construtivas sobre as políticas israelenses sem restringir a liberdade de expressão.
Aumento das tensões nos campi universitários
Antes de ingressar na faculdade, Fouad Abu-Hijleh, de 25 anos e descendente de refugiados palestinos, desconhecia um mundo onde manifestar apoio aos palestinos fosse considerado controverso. Abu-Hijleh pertence a uma família que, como muitas outras, se estabeleceu na Jordânia após a Guerra Árabe-Israelense de 1948, um evento que os palestinos chamam de al-Nakba ou "a catástrofe".
Desafios de segurança e liberdade de expressão
No entanto, durante seu tempo na Universidade da Carolina do Norte, em Chapel Hill, Abu-Hijleh se viu no centro de uma prática chamada "doxxing". Seu nome foi publicado em um site anônimo dedicado a listar indivíduos que acreditavam ser anti-Israel ou antissemitas, simplesmente por ter sido mencionado em um artigo, mesmo após expressar seu desejo de anonimato. Essa exposição levou-o a sentir-se constantemente vigiado, a ponto de evitar visitar a Cisjordânia e se preocupar com interrogatórios extensos na fronteira.
O doxxing não é um fenômeno isolado, afetando muitos ativistas palestinos e defensores dos direitos humanos. Essa prática está gerando preocupações crescentes em relação à liberdade de expressão e à segurança dos defensores dos direitos dos palestinos nos Estados Unidos.
Foto destaque: Estudante pró-Palestina em protesto na universidade de Columbia, em Nova York. Reprodução/REUTERS/Jeenah Moon