O sistema Deter, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), que alerta sobre áreas de desmatamento em tempo real, apontou uma redução no desmatamento na Amazônia em 2024. Com o uso de satélites, foi registrada uma diminuição na área de floresta derrubada, que atingiu seu pico em 2022, quando mais de 10 mil km² foram desmatados. Já em 2023, houve uma queda de 50% em relação ao ano anterior. Em 2024, foi observada uma nova redução, agora de 19%, o que equivale a 4 mil km² de floresta destruída.
No entanto, ao se analisar esses números em um panorama mais amplo, percebe-se que o impacto ainda é significativo. A área de floresta desmatada apenas em 2024 pode ser comparada ao tamanho do município de Campo Grande, capital de Mato Grosso do Sul. Apesar disso, o índice é o mais baixo desde 2017.
O sistema Deter também apontou uma redução na área destruída no Cerrado. O levantamento revelou que 5.858 km² de território foram devastados, 25% a menos que no ano anterior, quando o desmatamento nessa região atingiu números alarmantes. Como resposta, foram adotadas medidas através de um plano de prevenção.
Desmatamento do Cerrado nativo em São Desidério, oeste do estado da Bahia, Brasil (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Florence Goisnard/AFP)
Cláudio de Almeida, pesquisador do INPE, explicou que grande parte do desmatamento que ocorre no Cerrado é considerado legal. Ele destacou que, a partir do momento em que medidas de fiscalização foram implementadas em articulação com o poder público, os resultados começaram a aparecer. “E agora, neste ano, o desmatamento no Cerrado já caiu significativamente em relação aos anos anteriores", afirmou.
O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima atribui a redução no ritmo do desmatamento à intensificação da fiscalização, à criação de áreas protegidas para a preservação da floresta e à colaboração entre ministérios, órgãos governamentais e, mais recentemente, o setor financeiro.
O secretário de Controle e Desmatamento do Ministério do Meio Ambiente, André Lima, revelou que, há dois anos, vêm sendo aprimoradas as diretrizes de acesso ao crédito rural, que restringem o financiamento para quem realiza desmatamento ilegal. Ele ressaltou que o sistema de controle financeiro está cada vez mais forte, impedindo que aqueles que destroem áreas de floresta ilegalmente tenham acesso ao crédito destinado a produtores rurais, cooperativas e outros agentes do setor.
Vista aérea de um incêndio na floresta amazônica (Foto: reprodução/Getty Images Embed/Michael Dantas)
Aumento no número de incêndios
Embora o desmatamento tenha diminuído, os incêndios na Amazônia aumentaram. Em 2024, os satélites do INPE identificaram mais de 140 mil focos de incêndio, o maior número registrado em 17 anos. A maioria das queimadas ocorreu em áreas previamente desmatadas.
Segundo o governo federal, a seca que atinge a região da Amazônia é a principal responsável pelo aumento no número de casos de incêndios nos últimos dois anos. Em parceria com estados e municípios, o Ministério do Meio Ambiente tem reforçado ações que visam prevenir a destruição de áreas de floresta causadas pelo fogo.
Foto Destaque: Área desmatada na região amazônica é a menor em 7 anos (Reprodução/Imazon)