Os advogados de defesa de Jair Bolsonaro (PL) emitiram um comunicado na tarde desta quinta-feira (21), alegando que o ex-presidente “nunca acatou” qualquer movimentação ilegal. Na manhã desta quinta-feira (21), o tenente-coronel Mauro Cid teria dito à Polícia Federal (PF), como parte de um acordo de delação premiada, que Bolsonaro se reuniu com as lideranças do Exército, da Marinha e da Aeronáutica para discutir os detalhes de o plano golpista. para não deixar o poder. O encontro teria ocorrido enquanto Bolsonaro ainda era presidente, após a eleição do ano passado.
Os advogados Paulo Amador da Cunha Bueno, Daniel Bettamio Tesser e Fábio Wajngarten disseram por meio de nota que o ex-presidente jamais compactuou com qualquer ato ou projeto que não tivesse respaldo em lei durante seu governo e que sempre agiu de forma correta conforme as regras da Constituição Federal. A defesa ainda argumentou que Bolsonaro nunca tomou nenhuma ação que confrontasse os limites e garantias exigidas pela Constituição e, via de efeito, o Estado de Direito. Os advogados concluíram afirmaram que vão adotar “medidas judiciais cabíveis contra toda e qualquer manifestação caluniosa, que porventura extrapolem o conteúdo de uma colaboração que corre em segredo de Justiça, e que a defesa sequer ainda teve acesso”.
Mauro Cid está preso por suspeita de falsificação de cartões de vacinas e é investigado por golpe de estado e venda de joias da Presidência. (Foto: Reprodução/Dida Sampaio/Estadão)
Impasse ente Marinha e Exército
Segundo fontes com acesso à investigação, Cid descreveu duas situações. Em uma delas, ele menciona que Bolsonaro colocou em mãos uma proposta de golpe. Em outro momento, o ex-assessor detalha um encontro com a liderança militar. A reunião discutiria a possibilidade de intervenção militar com as forças armadas. De acordo com Mauro Cid, a resposta da liderança naval seria que os militares estão prontos para agir, apenas aguardando sua ordem. O comando do exército não aceitou o plano. Essa declaração de conspiração e proposta golpista é um dos pontos analisados no acordo de delação premiada que Mauro Cid celebrou com a Polícia Federal.
O tema é tratado com cuidado e confidencialidade. Para que os fatos sejam confirmados e as pessoas citadas pelo tenente-coronel sejam finalmente responsabilizadas, é preciso que haja provas que corroborem as informações prestadas pelo ex-assessor de Jair Bolsonaro. Em nota, a defesa de Mauro Cid menciona as matérias da mídia sobre “possíveis reuniões com a cúpula militar para avaliar golpe no país” e afirma que “não tem os referidos depoimentos, que são sigilosos, e por essa mesma razão não confirma seu conteúdo”.
Comunicado da Marinha
A Marinha do Brasil divulgou uma nota à imprensa esclarecendo que “não teve acesso ao conteúdo de delação premiada do tenente-coronel Mauro Cid” e “não se manifesta sobre processos investigatórios em curso no âmbito do Poder Judiciário”. No comunicado, a Marinha afirmou novamente que “pauta sua conduta pela fiel observância da legislação, valores éticos e transparência”. E ressalta que está a disposição da justiça para contribuir com as investigações e que eventuais atos e opiniões individuais não representam o posicionamento oficial da Força.
Foto Destaque: O ex-presidente Jair Bolsonaro. Reprodução/Marcelo Camargo/Agência Brasil