Em meio a grave crise sanitária e humanitária na comunidade Yanonami, o Conselho Indígena de Roraima (CIR) denunciou a 14 órgãos públicos que crianças da região estão sendo adotadas de forma ilegal quando vão para a capital receber atendimento médico. Segundo o documento “crianças indígenas Yanomami que vêm às cidades em fluxos pendulares estão sendo encaminhadas para adoção e seus pais destituídos do poder familiar"
Criança Yanomami recebe atendimento de equipe de Saúde — Foto: Condisi-YY/Divulgação
O conselho cobra que medidas sejam tomadas para a proteção dos indígenas, assim como informações sobre estado de crianças que, encontradas desacompanhadas ou em vulnerabilidade, tenham sido encaminhadas para os órgãos acionados. O documento foi enviado para Funai, Ministério Público, Vara da Infância, secretarias de Saúde e do Trabalho de Roraima, ao Conselho Tutelar do estado, a um hospital e abrigos infantis.
Crianças Yanomami com desnutrição severa são atendidos por equipes do Ministério da Saúde — Foto: Condisi-YY/Divulgação
No começo do mês, quando técnicos do Ministério da Saúde foram na comunidade para averiguar situação dos indígenas , oito crianças foram resgatadas em estado grave durante um período de quatro dias. Posteriormente, após o Ministério declarar estado de emergência, no dia 21 de janeiro, um hospital infantil de Roraima registrou mais de 47 internações, com casos de malária, desnutrição, pneumonia, inflamação gastrointestinal, diarreia e picadas de cobra.
Neste mesmo período, o presidente Lula, que após visita na comunidade disse estar abalado com a forma desumana como encontrou os povos da região, criou o Comitê de Coordenação Nacional para Enfrentamento à Desassistência Sanitária das Populações em Território Yanomami. Coordenado pela casa civil, a proposta é que o comitê, através da articulação entre os poderes e federações, apresente, em até 45 dias, um plano de medidas para enfrentar os problemas da região.
Foto destaque: Crianças Yanomami resgatadas neste domingo, 22 de janeiro de 2023 — Foto: Weibe Tapeba/Sesai/Divulgação