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Cientistas descobrem gene com potencial para desenvolver contracepção masculina

Estudos apontaram que a eliminação do gene em camundongos causa a infertilidade somente em machos, prejudicando a forma, a contagem e a mobilidade do esperma

17 Abr 2023 - 17h00 | Atualizado em 17 Abr 2023 - 17h00
Cientistas descobrem gene com potencial para desenvolver contracepção masculina Lorena Bueri

Um novo estudo conduzido por pesquisadores da Washington State University (WSU), nos Estado Unidos, identificou a expressão de um gene com o potencial para desenvolver a contracepção masculina. Chamado Arrdc5, o gene pode ser encontrado no tecido testicular de diversos mamíferos, como camundongos, bovinos e humanos.

Os resultados obtidos através de um ensaio apontam que a eliminação do gene em camundongos causou a infertilidade somente em machos, prejudicando a forma, a contagem e a mobilidade do esperma. Os dados foram divulgados na revista científica Nature Communications.

O estudo identifica este gene pela primeira vez como sendo expresso apenas no tecido testicular, em nenhum outro lugar do corpo, e é expresso por várias espécies de mamíferos. Quando esse gene é inativado ou inibido nos machos, eles produzem espermatozoides que não podem fertilizar um óvulo, e esse é o alvo principal para o desenvolvimento de contraceptivos masculinos”, explicou Jon Oatley, autor sênior e professor da Escola de Biociências Moleculares da WSU.

Segundo o estudo realizado pela WSU, uma produção normal de esperma exige a proteína codificada pelo gene Arrdc5. Os pesquisadores ainda apontam que a ausência do gene é responsável por causar a oligoastenoteratospermia, uma condição caracterizada pela queda na produção, distorção no formato e redução na mobilidade dos espermatozoides, tornando-os incapazes de fecundar um óvulo.

Na pesquisa, constatou-se que os camundongos machos que não possuíam o gene produziram 28% menos espermatozoides, 2,8 vezes mais lentos e com aproximadamente 98% sendo portadores de cabeças e peças intermediárias anormais.


De acordo com o último estudo divulgado pela Organização das Nações Unidas (ONU), 48% das gestações no mundo são indesejadas (Foto: Reprodução/Pixabay)


O medicamento

O desenvolvimento de um medicamento que interrompa a produção ou a função dessa proteína não exigiria nenhuma interferência hormonal – principal fator que impede a contracepção masculina, uma vez que a testosterona não atua exclusivamente na produção de esperma, participando também da construção da massa óssea e da produção de glóbulos vermelhos.

Você não quer acabar com a capacidade de produzir esperma, apenas impedir que o esperma que está sendo produzido seja produzido corretamente”, explicou Oatley. “Então, em teoria, você poderia remover a droga e o esperma começaria a ser formado normalmente novamente”.

Apesar do potencial para o desenvolvimento da contracepção masculina para uso pecuário, o cientista afirma que o foco primário da pesquisa é criar um medicamento que permita aumentar o controle de natalidade humano.

Desenvolver uma maneira de conter o crescimento populacional e interromper que surja a gravidez indesejada é realmente importante para o futuro da raça humana. No momento, não temos realmente nada do lado masculino para contracepção além da cirurgia e apenas uma pequena porcentagem de homens escolhe a vasectomia. Se pudermos desenvolver essa descoberta em uma solução para contracepção, ela poderá ter impactos de longo alcance”, concluiu Oatley.

Foto Destaque: Reprodução/Pixabay

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