Cientistas recentemente fizeram uma descoberta fascinante que acrescenta um novo capítulo à nossa compreensão da formação da Lua e da Terra. De acordo com uma teoria publicada na revista Nature em 1º de novembro deste ano, os restos do antigo planeta Theia, que colidiu com a Terra há bilhões de anos e formou a Lua, podem não ter se misturado completamente no núcleo da Terra, como se pensava anteriormente.
Nova hipótese
Essa nova hipótese desafia a ideia convencional de que tudo o que restou de Theia se fundiu no núcleo terrestre. Em vez disso, os cientistas sugerem que partes de Theia, que formaram a Lua, sobreviveram e permanecem parcialmente intactas, enterradas profundamente sob nossos pés, no manto terrestre a cerca de 2.900 km abaixo da superfície.
Ilustração de Theia (Foto: Reprodução/Hernán Cañellas)0
Essa teoria não apenas complementa a Hipótese do Impacto Gigante, explicando mais detalhes sobre a formação da Lua, mas também lança luz sobre as misteriosas Grandes Províncias de Baixa Velocidade (LLVPs) no manto da Terra. Essas massas incrustadas, que têm uma densidade de ferro superior à do manto circundante, foram detectadas nas profundezas da Terra na década de 1980, mas sua origem tem sido um enigma.
Teoria enfrentou resistência
O geofísico Qian Yuan, autor principal do estudo, propôs pela primeira vez essa ideia ousada em 2021, mas enfrentou resistência, sendo rejeitado três vezes. No entanto, pesquisas subsequentes confirmaram sua teoria, fornecendo modelagens detalhadas que sugerem que Theia não derreteu completamente o manto da Terra após o impacto, permitindo que partes de seu material se solidificassem e formasse estruturas sólidas nas profundezas da Terra.
Essa teoria desafia nossa compreensão do manto terrestre, que, ao contrário do que muitos imaginavam, não é uma rocha sólida, mas sim um magma de alta pressão com viscosidade semelhante à manteiga de amendoim, fervendo em um fogão muito quente. Portanto, a densidade do material deixado por Theia é crucial, e essa pesquisa avançada e modelos de alta definição sugerem que ele pode corresponder à densidade das misteriosas LLVPs.
Essa descoberta não apenas expande nosso conhecimento sobre a história da Terra e da Lua, mas também destaca como a ciência continua a evoluir e desafiar preconceitos estabelecidos, desvendando segredos profundos enterrados sob nossos pés por bilhões de anos. É um lembrete da incrível capacidade da ciência para nos surpreender e nos levar a novas descobertas sobre o nosso planeta e o universo em constante evolução.
Foto Destaque: Ilustração de Theia colidindo com a terra. (Reprodução/Hernán Cañellas)