A família Bolsonaro está em uma semana especialmente movimentada com recorrentes episódios envolvendo investigações policiais. Nesta terça-feira (30), o vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) depõe na sede da Polícia Federal no Rio de Janeiro sobre inquérito que trata de uma postagem feita em 27 de agosto de 2023. À CNN, o ex-presidente informou que o caso corre em segredo de justiça.
Carlos deverá se explicar sobre uma postagem cujo conteúdo foi considerado ofensivo à Andrei Rodrigues, diretor da PF. Na publicação, o filho 02 aponta suposto desequilíbrio entre as investigações de ameaças a Lula e a Bolsonaro, fazendo comentário debochado a partir de um tweet igualmente irônico.
Depoimento de Carlos Bolsonaro tem relação com tweets feitos ano passado (Foto: reprodução/X/@CarlosBolsonaro)
Segundo Jair Bolsonaro, o depoimento já estava marcado antes mesmo do mandado de busca e apreensão cumprido nesta segunda-feira (29), na casa da família em Angra dos Reis. No entanto, apesar de não ter relação com a operação que investiga o caso da chamada Abin Paralela, cujo nome da família Bolsonaro está envolvido, a questão também abrange a cúpula da segurança nacional.
PF afirma uso indevido da Abin pela família Bolsonaro
As investigações da Polícia Federal sobre espionagens clandestinas indicam que o ex-diretor da Agência Brasileira de Inteligencia (Abin) e atual deputado federal Alexandre Ramagem (PL-RJ) utilizou a estrutura do estado para fins pessoais e políticos, fazendo o uso ilegal do sistema de inteligência.
As investigações indicam que o filho 02 de Bolsonaro seria o maior entusiasta do esquema, sendo apontado como integrante do núcleo político da organização criminosa. Considerado um dos coordenadores do chamado Gabinete do Ódio e responsável pelas estratégias de comunicação do governo do ex-presidente, as informações obtidas de forma clandestina eram utilizadas tanto pela milícia digital tanto pelo gabinete do ódio para construir narrativas falsas que eram posteriormente divulgadas em grupos bolsonaritas. Foram encontrados registros de que a Abin tentou produzir provas ligando candidatos de oposição e ministros do STF ao Primeiro Comando da Capital (PCC).
O monitoramento ilegal também permitiu o acesso a informações confidenciais de inquéritos policiais envolvendo a família Bolsonaro, como o caso das “rachadinhas” no gabinete do senador Flávio Bolsonaro e o suposto tráfico de influência por Jair Renan. Com as informações, os membros da Abin agiam para produzir provas e relatórios que contrariassem os indícios apontados nas investigações.
Jair Bolsonaro disse nunca ter recebido documentos da Abin (Foto: reprodução/Instagram/@gabriela.bilo)
Em resposta às acusações, Bolsonaro negou o pedido de informações à assuntos confidenciais. "Temos um vínculo de amizade (se referindo a Ramagem), que é comum pedir informações. Mas pode ter certeza, jamais o meu filho pediu algo que não fosse legal para o Ramagem", disse à CNN.
Carlos Bolsonaro é alvo de operação
Nesta segunda-feira (29), a Polícia Federal cumpriu mandados de busca e apreensão a computadores da Abin, um deles em posse de Carlos Bolsonaro. A medida foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes e faz parte da Operação Vigilância Aproximada, que investiga o uso ilegal do sistema de inteligência.
Na ocasião, o celular de Carlos e três computadores foram apreendidos. Também foram alvos da operação a assessora do vereador, Luciana Paula Garcia da Silva Almeida, a assessora de Ramagem, Priscila Pereira e Silva, e o militar do Exército cedido para a Abin durante a gestão de Ramagem, Giancarlo Gomes Rodrigues.
Fontes ouvidas pela jornalista Andréia Sadi demonstraram preocupações das investigações alcançarem também os militares que atuaram no governo, como General Heleno, uma das figuras centrais durante o mandato de Jair Bolsonaro.
Foto destaque: Carlos Bolsonaro é apontado como integrante de núcleo político de organização criminosa (Reprodução/Sérgio Lima/AFP).