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Brasil perde dez posições e registra 36 pontos no ranking que mede a percepção sobre corrupção

O relatório ressalta preocupações com o Congresso Nacional, falta de transparência nas emendas parlamentares e destaca recomendações da Transparência Internacional

30 Jan 2024 - 16h34 | Atualizado em 30 Jan 2024 - 16h34
Brasil perde dez posições e registra 36 pontos no ranking que mede a percepção sobre corrupção Lorena Bueri

O Brasil enfrenta um desafio significativo em sua reputação internacional, conforme revelado pelo Índice de Percepção da Corrupção (IPC) de 2023, divulgado pela Transparência Internacional. A queda de dez posições coloca o país em uma preocupante 104ª colocação entre os 180 países analisados, refletindo uma percepção menos favorável sobre a integridade do setor público brasileiro.

Comparado ao ano anterior, o Brasil registrou uma redução de dois pontos, atingindo a pontuação de 36, abaixo da média global de 43 pontos. Na classificação das Américas, o país ficou atrás de nações como Uruguai, Chile, Cuba e Argentina, evidenciando desafios específicos na gestão da corrupção em território nacional.

Desafios na reconstrução e flexibilização da lei das estatais

O relatório da Transparência Internacional destaca questões críticas na reconstrução do controle político da corrupção no Brasil durante o ano de 2023. Criticando a flexibilização da Lei das Estatais, o documento ressalta sinais de piora nas negociações entre o governo federal e o Congresso, especialmente no contexto da Petrobras. A avaliação negativa do Congresso Nacional aponta falhas na reconstrução de mecanismos de controle jurídico e político, incluindo a falta de transparência nas emendas parlamentares, o fortalecimento do Centrão e o aumento substancial do fundo eleitoral para as eleições deste ano.

Diante dos desafios apresentados, a Controladoria-Geral da União (CGU) destaca os esforços do governo para restabelecer a estrutura dos conselhos de políticas públicas e corrigir riscos de corrupção em diversas áreas. O cenário político e jurídico brasileiro está em foco, com a CGU enfatizando a importância de superar os obstáculos identificados no relatório da Transparência Internacional.

Nomeações políticas e perspectivas para o futuro

O estudo da Transparência Internacional critica as nomeações políticas para o sistema de Justiça, apontando para a politização contínua e a falta de diversidade em órgãos de cúpula. O relatório faz recomendações específicas, incluindo a implementação de uma política nacional anticorrupção com ampla participação da sociedade civil, transparência máxima nos programas de investimento público e preservação da Lei das Estatais.


Bandeira do Brasil na Esplanada dos Ministérios (Foto: reprodução/Agência Brasil/Rafa Neddermeyer)


O relatório da Transparência Internacional destaca o contexto regional nas Américas, indicando que apenas dois países, Guiana e República Dominicana, melhoraram significativamente no IPC na última década. Países como Canadá e Uruguai, com controles anticorrupção mais robustos, lideram a classificação regional, enquanto nações como Venezuela, Haiti e Nicarágua enfrentam pontuações baixas, caracterizadas por impunidade generalizada e falta de independência do Judiciário.

Numa perspectiva global, o levantamento revela que a maioria dos países fez pouco ou nenhum progresso no combate à corrupção no setor público nos últimos 12 anos. A enfraquecimento dos sistemas judiciários e do Estado de Direito desde 2016 é apontado como uma consequência do avanço do autoritarismo em alguns países. O papel crítico do Judiciário na manutenção do controle sobre os outros Poderes do governo, especialmente em contextos democráticos, torna-se evidente, com o relatório destacando a importância da independência judicial na promoção do Estado de Direito e combate à corrupção.

Lista de países no IPC de 2023

Os 10 primeiros da lista (melhores no ranking)

  • Dinamarca - 90 pontos
  • Finlândia - 87 pontos
  • Nova Zelândia - 85 pontos
  • Noruega - 84 pontos
  • Singapura - 83 pontos
  • Suécia - 82 pontos
  • Suíça - 82 pontos
  • Países Baixos - 79 pontos
  • Alemanha - 78 pontos
  • Luxemburgo - 78 pontos

Os 10 últimos da lista (piores no ranking)

  • Turquemenistão - 18 pontos
  • Guiné Equatorial - 17 pontos
  • Haiti - 17 pontos
  • Nicarágua - 17 pontos
  • Coreia do Norte - 17 pontos
  • Iêmen - 16 pontos
  • Sudão do Sul - 13 pontos
  • Síria - 13 pontos
  • Venezuela - 13 pontos
  • Somália - 11 pontos

América do Norte:

  • Canadá - 76 pontos
  • Estados Unidos - 69 pontos
  • México - 31 pontos

América do Sul:

  • Uruguai - 73 pontos
  • Guiana Francesa (França) - 71 pontos
  • Chile - 66 pontos
  • Colômbia - 40 pontos
  • Guiana - 40 pontos
  • Suriname - 40 pontos
  • Argentina - 37 pontos
  • Brasil - 36 pontos
  • Equador - 34 pontos
  • Peru - 33 pontos
  • Bolívia - 29 pontos
  • Paraguai - 28 pontos
  • Venezuela - 13 pontos

A fonte da lista é da Transparência Internacional. O Brasil enfrenta desafios substanciais no cenário internacional, com a queda no IPC de 2023 refletindo uma percepção negativa sobre a integridade do setor público. O relatório da Transparência Internacional oferece uma visão detalhada dos obstáculos, desde a flexibilização de leis até nomeações políticas questionáveis. As recomendações específicas apresentadas apontam para a necessidade de medidas abrangentes para combater a corrupção e reconstruir os mecanismos institucionais necessários. O Brasil se encontra em um momento crucial, com a oportunidade de superar esses desafios e reafirmar seu compromisso com a transparência e a integridade.

 

Foto destaque: fachada do Palácio do Congresso Nacional, em Brasília, exibe a Câmara dos Deputados à direita e o Senado Federal à esquerda (Reprodução/Agência Brasil/Fabio Rodrigues Pozzebom)

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