A Polícia Federal tem investigado uma possível inclusão de informações falsas sobre as vacinas contra o Covid-19 por parte do ex-presidente Jair Bolsonaro. A defesa de Bolsonaro alega que haveria motivos para a prática.
Alguns especialistas ouvidos pela CNN explicaram que não seria necessário Bolsonaro apresentar sua carteira de vacina para a entrada nos Estados Unidos como chefe de Estado em missão oficial, conforme está nas regras dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças do país (CDP na sigla em inglês).
Na quarta-feira (3) a Polícia Federal (PF), deflagrou a Operação Venire para investigar a realização de crimes na inserção de informações não verdadeiras sobre vacinação contra a doença causada pelo coronavírus, no Ministério da Saúde.
Essas inserções aconteceram entre novembro de 2021 e dezembro de 2022, período em que Bolsonaro visitou os EUA três vezes.
Helisane Mahlke, professora de Direito Internacional da Universidade Presbiteriana Mackenzie, explica que ao viajar para a Florida em seu penúltimo dia de mandato com o passaporte diplomático e o avião presidencial, o ex-presidente Jair Bolsonaro passou pelo mesmo processo das vezes anteriores: teste rápido de Covid-19. A defesa do ex-presidente, corroborou a afirmação de Helisane e, segundo os advogados Paulo Amador da Cunha, Daniel Bettamio Tesse e Fábio Wajngarten, “Bolsonaro esteve apenas em países estrangeiros que aceitassem tal condição ou se dessem por satisfeitos com a realização de teste viral”.
Bolsonaro no avião durante seu retorno dos Estados Unidos para o Brasil no fim de março (Foto: Reprodução/CNN Brasil)
Vedant Pat, vice-porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, afirmou que não iria comentar casos isolados, porém, na época em que o ex-presidente brasileiro esteve no país, a vacinação era obrigatória: “Não irei comentar casos isolados, mas o que posso dizer é que naquele momento havia um requerimento de estar vacinado para poder entrar nos Estados Unidos”, disse Pat.
Bolsonaro havia iniciado o processo para extensão de seu visto para o de turista em 27 de janeiro, quase um mês após desembarcar nos EUA, já que o visto diplomático estaria terminando o prazo de validade, porém, para a obtenção desse visto é necessário a apresentação do comprovante de vacinação contra o Covid-19, já que seu visto diplomático teria perdido a validade após o fim de seu mandato em 1 de janeiro. Portanto, o ex-presidente retornou ao Brasil antes mesmo de haver uma confirmação de aceitação ou não de seu visto.
Há também informações dadas pela PF à CNN, a filha de 12 anos do ex-presidente também teve informações de vacinação alterados no sistema do Ministério da Saúde, e os advogados de Bolsonaro explicaram que ela “foi proibida de receber qualquer imunizante em razão de comorbidades preexistentes, situação sempre e devidamente atestada por médicos”, diz os advogados de defesa de Bolsonaro.
Imagem destaque: Reprodução/Veja