O presidente Jair Bolsonaro sugeriu às autoridades turcas a criação de uma espécie de comitiva presidencial para visitar Vladimir Putin em Moscou. A proposta foi descrita por alguns diplomatas dentro do Itamaraty como "egoísta", e em termos de mediadores no conflito com a Ucrânia, a percepção é de que agora não se trata de "exibição", mas de negociações nos bastidores. A ideia surgiu quando o primeiro-ministro turco Mevlut Cavusoglu visitou o Palácio do Planalto na semana passada.
Falando a repórteres após uma reunião com o presidente do Brasil, o ministro disse que Bolsonaro elogiou o papel de Ancara na tentativa de mediar entre os russos e os ucranianos. Integrantes do Itamaraty confirmaram ao UOL que, de fato, a proposta foi feita.
O governo turco tem organizado as negociações nas últimas semanas, esperando um cessar-fogo. Mas os turcos deixaram Brasília com uma nova oferta. “O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, indicou que, se o presidente Erdogan também concordar, ele está pronto para organizar uma visita conjunta a Moscou com alguns líderes importantes do país. Dissemos que faríamos um estudo e retornaríamos a eles", explicou o ministro turco.
Além disso, no meio diplomático o trabalho tem sido considerado um dos raros canais de diálogos entre Kiev e Moscou e a ordem é de manter um perfil discreto para entendimentos que possam surgir. A proposta de um perfil elevado, não cumpriria essa missão, pois há um temor de que a visita não ajuda a buscar a paz.
ONU - Organização das Nações Unidas (Foto: Reprodução/ONU)
Bolsonaro tentou mostrar ao eleitorado que também é recebido pelos líderes estrangeiros, no entanto, a viagem foi vista com grande preocupação por parte das potências ocidentais. O Brasil tem evitado condenar Putin nos organismos internacionais, pois defendeu que a Rússia não seja suspensa do G20 e votou em abstenção em várias resoluções na ONU contra Moscou.
Após esse ponto, o Kremlin começou a elogiar a postura do Brasil e mencionou sobre o país ser membro da ONU.
Reprodução: Encontro de Bolsonaro e Putin. Alan Santos/PR