A Argentina anunciou um superávit fiscal primário de 1,23 trilhão de pesos (cerca de US$ 1,45 bilhão) em fevereiro, marcando o segundo mês consecutivo de resultados positivos, segundo o ministro da Economia do país, Luis Caputo. Essa conquista vem após anos de déficits fiscais recorrentes.
O governo argentino, sob o comando do ultraliberal Javier Milei, implementou medidas de austeridade para controlar a inflação elevada. Os cortes de gastos incluíram reduções em subsídios e no setor público. Caputo também anunciou que nos dois primeiros meses de 2024, o superávit fiscal foi de 3,24 trilhões de pesos, equivalente a 0,5% do PIB argentino.
Argentina registra superávit, enquanto problemas sociais persistem (Foto: Tomas Cuesta/AFP via Getty Images)
Superávit e redução de gastos
No segundo mês do ano, o país registou um superávit primário de 1,23 bilhão de pesos (aproximadamente US$ 1,44 milhão de dólares), pois apesar de a receita total ter diminuído em 6,3%, as despesas primárias caíram 36,4%.
O presidente Javier Milei, que assumiu o cargo em 10 de dezembro do ano passado, prometeu alcançar o equilíbrio fiscal neste ano. Em uma entrevista à rádio La Red, na capital Buenos Aires, nesta sexta-feira (15), ele reafirmou que o "déficit zero é uma política inalterável" e que "o estelionato do déficit fiscal acabou" na Argentina. Isso ocorre em um contexto no qual suas propostas não estão sendo aprovadas pelo Congresso, tanto pela Câmara dos Deputados quanto pelo Senado.
Pobreza e inflação
Além do superávit fiscal, a Argentina enfrenta desafios na área econômica, incluindo altos índices de pobreza e uma inflação persistente. Em fevereiro, a inflação foi de 13,2%, conforme divulgado pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Censos (INDEC) do país. Esse aumento nos preços elevou o índice de inflação anual para 276,2%.
Embora o índice de inflação tenha desacelerado em relação a janeiro, quando atingiu 20,6%, a situação econômica continua desafiadora. A inflação alta afetou o poder de compra dos argentinos, contribuindo para um aumento na taxa de pobreza, que atinge cerca de 45% da população, de acordo com dados oficiais.
Segundo o Observatório Social da Universidade Católica (UCA), 57,4% dos argentinos estavam abaixo da linha da pobreza em janeiro de 2024. A desvalorização e o aumento nos preços dos alimentos da cesta básica foram um dos principais fatores que contribuíram para esse índice. Estima-se que cerca de 27 milhões de pessoas são pobres na Argentina.
Foto Destaque: Javier Milei (Reprodução: Rodrigo Nespolo/LA NACION)