Com o indiciamento do ex-presidente Jair Bolsonaro e outras 36 pessoas, incluindo membros de alta patente das Forças Armadas, aliados e a defesa dos envolvidos vem tentando tirar o crédito das acusações de seus clientes, alegando que não houve crime. A delação do ex-ajudante da presidência e general, Mauro Cid, sobre a conspiração de golpe envolvendo membros do último governo presidencial foi crucial para que a acusação fosse protocolada na justiça federal, além da recente prisão de quatro militares envolvidos diretamente no plano.
Tentativa de desqualificar o golpe
O golpe de estado que vinha sendo arquitetado nos bastidores do governo anterior, e mantido após as eleições, previa, segundo investigações da Polícia Federal, a manutenção do poder vigente, além do assassinato do presidente eleito, Lula, seu vice, José Alckmin e do ministro do Supremo Tribunal de Justiça, Alexandre de Moraes. A decisão de indiciar Jair Bolsonaro e pessoas ligadas ao seu governo, causou indignação entre seus aliados. A possível prisão de militares, incluindo o ex-presidente, fez com que sua defesa viesse a público se posicionar contra a acusação protocolada contra seu cliente.
Segundo seus advogados, como o ato em si não foi realizado, não houve crime contra o Estado Democrático. A justificativa foi embasada em um trecho do Código Penal. O também ministro do STF, Gilmar Mendes, discordou das alegações. “A tentativa de qualquer atentado contra o Estado de direito já é, em si, criminalizada, de modo que já é um crime consumado, até porque quando se faz o atentado contra o Estado de direito e ele se consuma, ele já não mais existe”, afirmou.
Mauro Cid era o homem de confiança do ex-presidente Bolsonaro (Foto: reprodução/Anadolu/Getty Images Embed)
Contexto do golpe
O resultado das últimas eleições presidenciais não saiu conforme o esperado pelos aliados do então presidente, Jair Bolsonaro. Prevendo uma possível derrota nas urnas, em outubro de 2022, membros do governo começaram a se articular, meses antes, para tirar o crédito do pleito eleitoral. O resultado negativo nas urnas, levou essa cúpula a tramar um possível golpe de estado para que Bolsonaro fosse mantido no poder.
Foram realizadas reuniões e minutas de como o plano seria posto em prática, incluindo o apoio de civis descontentes com a vitória do presidente Lula. No dia 8 de janeiro de 2023, a sede dos Três Poderes e outros locais foram invadidos e vandalizados por milhares de pessoas, que deixaram um rastro de destruição por onde passaram. Centenas de pessoas foram presas durante o ato.
Foto destaque: Ex-presidente, Jair Bolsonaro (Reprodução/Instagram/@jairmessiasbolsonaro)