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Amazônia enfrenta ameaça de recorde de seca, com níveis de água nos rios abaixo da média histórica

A previsão é fornecida pelo Centro de Monitoramento de Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), uma agência do governo federal. Residentes de Iranduba, Amazonas, compartilham as dificuldades causadas pela seca

01 Out 2023 - 15h47 | Atualizado em 01 Out 2023 - 15h47
Amazônia enfrenta ameaça de recorde de seca, com níveis de água nos rios abaixo da média histórica Lorena Bueri

A seca na região amazônica pode atingir um nível recorde este ano e persistir até janeiro, de acordo com previsões do Cemaden (Centro de Monitoramento de Alertas de Desastres Naturais), uma agência do governo federal. Rios estratégicos na área estão apresentando níveis de água abaixo da média histórica.


Lago de Tefé com nível baixo de água. Segundo pesquisadores, seca intensa na Amazônia é causada por El Niño e por aquecimento das águas do Oceano Atlântico. (Reprodução: foto/André Zumark/Instituto Mamirauá)


Importância da água

"A água é essencial para nossa sobrevivência em casa, tanto para beber quanto para cozinhar, porque nós precisamos comprar", relata Francisco Andrade, um pescador, ao ser questionado sobre a origem da água consumida.

Os garrafões são carregados nos ombros até as pequenas embarcações por moradores da comunidade do Catalão, localizada no município de Iranduba (AM). Durante a temporada de cheias, eles costumam receber água dos rios Negro e Solimões.

Situação dos moradores

Essa comunidade flutuante do Catalão, situada nas proximidades de Manaus, é composta por mais de 120 casas, todas construídas sobre as águas deste afluente do rio Solimões. Normalmente, durante o período de cheias, a profundidade do rio atinge mais de 20 metros. No entanto, a seca deste ano está sendo tão intensa que os moradores estão enfrentando a escassez, com menos de um metro de água.

Para contornar essa situação, foi improvisada uma barragem para reter um pouco da água que ainda flui pelo Solimões, com o objetivo de manter as casas flutuantes. No entanto, essa água se encontra suja e aquecida, tornando-se impraticável para uso. Como resultado, os moradores formam uma fila de pequenas embarcações que transportam a água até suas casas por meio de uma bica improvisada.

A aposentada Rosa Lima comenta: "Precisamos buscar água todos os dias, seja para lavar, tomar banho, lavar roupas, ou lavar a louça." Muitas vezes, eles recorrem ao uso de baldes para suprir suas necessidades. Raimunda Viana, que trabalha como merendeira, descreve os desafios enfrentados devido à seca: "A seca traz para nós consequências de problemas e dificuldades, resultando em sofrimento."

Ele questiona: "Já imaginou sair de lá agora para vender peixes aqui e depois voltar sob o calor escaldante, atravessando a terra com todo o peso?". Apesar das tentativas de criar barragens improvisadas, várias residências que costumavam flutuar agora estão presas em terra firme. A casa do Seu Francisco está inclinada e ele enfrenta dificuldades para exercer sua atividade de pescador devido aos desafios de acesso aos lagos.

Foto Destaque: Embarcações sobre a areia com pouca água. Reprodução: foto/Gato Júnior/Rede Amazônica.

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