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Alerta máximo em Maceió: mina pode colapsar a qualquer momento

Desastre ambiental é consequência de extração predatória feita pela empresa Braskem e foi classificada pelo prefeito como "a maior tragédia urbana do mundo"

03 Dez 2023 - 10h27 | Atualizado em 03 Dez 2023 - 10h27
Alerta máximo em Maceió: mina pode colapsar a qualquer momento Lorena Bueri

Na madrugada de sábado (2), foi registrado um temor de terra de magnitude de 0,89 em Maceió. Somente neste mês de novembro, cinco abalos sísmicos foram registrados na região. Como informou à CNN o coronel Moisés Melo, coordenador da Defesa Civil de Alagoas, a mina 18 subiu em direção a superfície e pode colapsar a qualquer momento.  Até o início da tarde de sexta-feira (1), o solo afundava a uma velocidade de aproximadamente 2 centímetros por hora.


Região da mina 18 da Braskem corre risco de colapso iminente (Reprodução:CNN Brasil)


Ao todo, são 35 minas operadas pela Braskem. A mina 18, localizada no Bairro Mutange, fica a cerca de cinco quilômetros do centro da cidade e às margens da Lagoa Mandaú – uma das lagoas responsáveis pelo nome do estado, Alagoas.

De acordo com Melo, o esperado é que a cratera seja imediatamente preenchida pela água da Lagoa Mandaú. “Acreditamos que vai surgir uma cratera. [...] Não vai ser uma cratera no meio da cidade, não vai gerar terremoto, tsunami, nada disso. Essa cratera será na sua maioria submersa, preenchida de imediato pela água da lagoa.”, explica o coronel.

A ruptura da mina também poderá afetar serviços como abastecimento de água e fornecimento de energia e gás.

Cidade decreta estado de emergência

Na sexta-feira (1), o governo federal reconheceu estado de emergência em Maceió. Em publicação feita no aplicativo X (antigo Twitter), o vice-presidente Geraldo Alckmin escreveu: “O governo federal está de prontidão para adotar medidas emergenciais assistindo as famílias e cooperando com a @PrefMaceio e o @GovernoAlagoas para reconstruir os bairros atingidos”.


Vídeo mostra bairros afetados (Reprodução: X/@UOLNoticias)


A prefeitura da cidade está atuando com ações emergenciais, abrigando moradores das áreas de risco em escolas municipais e fornecendo kits de higiene, cesta básica e água.

Em entrevista cedida à CNN Brasil, ministro de Turismo Renan Filho, afirmou que o mais importante no momento é que não haja perda de vidas humanas. “No momento, estamos trabalhando para que não haja perda de vidas humanas. Um desastre ambiental dessa magnitude precisa ser sanado completamente”, declarou Renan.

O ministro defende a implementação de uma CPI para que a atuação da Braskem seja investigada. A extração agressiva deixou mais de 14 mil imóveis desocupados, e mais de 55 mil pessoas afetadas pela situação.

 Atuação da Braskem

Atuando na região desde 1970, o desastre ambiental é consequência da excessiva extração de sal-gema (matéria-prima para a fabricação de soda cáustica e PVC) operada pela empresa Braskem. Segundo informou a gestão municipal, “até 2019, a empresa fazia extração de maneira inadequada”.


População protesta contra atuação da Braskem (Reprodução: Instagram/@midianinja)


O risco de afundamento, no entanto, foi alertado por pesquisadores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) há mais de uma década. A primeira rachadura na superfície foi observada em 2018, quando a Defesa Civil do município evacuou a população do entorno.

Em nota, a empresa informou que todas as medidas cabíveis estão sendo tomadas.

Foto destaque: áreas interditadas deixam aspecto de "cidade fantasma" (Reprodução: Instagram/ @midianinja)

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