Em meio aos escombros e à devastação deixada pela retirada das forças israelenses, a Defesa Civil de Gaza enfrenta desafios para prestar socorro aos feridos e recuperar os restos mortais dos que morreram no conflito recente. O hospital Al Shifa agora se encontra em um estado de inacessibilidade quase total.
Raed al-Dahshan, diretor de operações da Defesa Civil, relatou que há muitos obstáculos no caminho até o hospital e as estradas dificultam a passagem de ambulâncias até os que necessitam de ajuda médica.
Palestinos verificam os danos ao hospital Al Shifa após saída de tropas israelenses (Foto: Reprodução/NurPhoto/GettyImages Embed)
Estradas destruídas e hospital rodeado de corpos
Após o hospital Al Shifa ser ocupado pelas forças militares de Israel, foi abandonado em ruínas, deixaram para trás estradas destruídas e edifícios em chamas, complicando ainda mais a tarefa de resgate.
A Defesa Civil reportou a descoberta de pelo menos 300 corpos no complexo do hospital até o momento, mas o número exato de vítimas permanece incerto. Muitos foram sepultados sob os escombros dentro e ao redor do hospital, tornando a contagem final indeterminada.
Operação israelense durou duas semanas
Após duas semanas de intensa ocupação, as Forças de Defesa de Israel (FDI) anunciaram a retirada do hospital Al-Shifa, em Gaza. O comunicado oficial emitido na segunda-feira (1), afirma a conclusão de “operações precisas” na região. O cerco ao maior hospital de Gaza resultou em danos significativos à infraestrutura, com relatos de destruição generalizada.
Durante o conflito, mais de 30 feridos foram transferidos do Al-Shifa para o Hospital Batista Al-Ahli, situado a leste de Gaza. O Ministério da Saúde de Gaza, controlado pelo Hamas, informou que aproximadamente 3 mil pessoas estavam no hospital quando as FDI iniciaram o ataque em 18 de março. Relatos indicam que franco-atiradores e helicópteros visavam aqueles que tentavam deixar o local.
O Hamas acusou Israel de atacar sem considerar a segurança dos pacientes e funcionários. Testemunhas declaram que veículos militares disparavam contra as janelas do hospital e contra qualquer pessoa em movimento nos corredores.
O direito internacional proíbe ataques a hospitais em tempos de guerra, a menos que sejam usados para fins militares pelo inimigo. As FDI alegam ter evitado danos a civis, pacientes e equipes médicas durante a operação, além de afirmarem ter eliminado terroristas e encontrado armamentos e documentos importantes. No entanto, há relatos de vítimas civis e detenções de equipes médicas e civis pelas tropas israelenses.
Foto destaque: Destruição do hospital Al Shifa, em GAza, após saída das forças militares de Israel (Reprodução/NurPhoto/GettyImages Embed)