Segundo dados da Secretaria da Segurança Pública de São Paulo, uma mulher foi vítima de feminicídio a cada dois dias no estado durante o último ano. Ao todo, foram 187 mortes registradas no estado em 2022.
Dados do Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostram que o número de feminicídios foi recorde no ano passado, se comparado à base histórica iniciada em 2015, quando a lei do feminicídio foi sancionada. O segundo semestre, marcado pelas eleições e a Copa do Mundo, impulsionou o número de feminicídios. Só na cidade de São Paulo, 283 feminicídios foram registrados nos últimos quatros anos. Em 2021 e 2022, houve um aumento de 69,3% no número de casos: em 2019, 78 mulheres foram assassinadas. Em 2020, o número baixou para 73 mulheres, em 2021, número baixou mais uma vez para 49 mulheres, mas, em 2022, o número subiu de forma absurda, registrando 83 casos de feminicídio.
A psicóloga forense, Arielle Sagrilo, explica que em 95% dos casos de feminicídios, o criminoso já teve um histórico de violência e agressão contra a parceira ou outras pessoas.
"Nunca essa violência, que começa de maneira sutil — seja de violência verbal, moral, psicológica —, vai diminuir. Ela sempre tende a aumentar para além de pensar num perfil psicológico, a gente precisa pensar nas forças, ou fatores, de ordens maiores, culturais, sociais, que acabam permitindo ou alimentando uma dinâmica de violência que pode culminar num feminicídio.”
A cada dois dias uma mulher é vítima de feminicídio em São Paulo
(Foto: Reprodução/História do Mundo)
Feminicídio
No último sábado (04), uma mulher de 29 anos foi assassinada pelo ex-companheiro em Diadema, na região do ABC Paulista. Segundo informações da polícia, o crime aconteceu em uma serralheria, na qual o homem trabalhava. Durante o crime, o filho da vítima, de apenas quatro anos, estava presente no local.
O acusado, Rogério Martins de Araújo, de 41 anos de idade, se entregou à polícia no mesmo dia e confessou o crime. Ele alegou às autoridades que teria cometido o crime após descobrir que Camilla Figueiredo Alves, com quem já não estava em um relacionamento, estaria grávida de outra pessoa.
Durante as investigações, os policiais descobriram que a moça já havia registrado Boletim de Ocorrência contra o ex-companheiro por violência doméstica.
"Estamos falando de uma desigualdade que foi historicamente construída. A violência contra a mulher tem uma relação direta com a desigualdade de gênero, o reforço de padrões culturais e de poder, como o homem se enxerga como proprietário do corpo e da vida da mulher e isso gera muita violência”, explicou a Sílvia Chakian, promotora do Ministério Público de São Paulo.
Ainda no sábado, o suspeito de assassinar a jovem Ana Carolina da Silva em outubro de 2022, em Guaianases, na Zona Leste de São Paulo, foi preso durante uma patrulha policial. A vítima tinha apenas 27 anos, era mãe de três crianças e foi encontrada morta pela própria mãe na sala da casa onde morava. Fernando Fernandes dos Santos, esposo da vítima, estava foragido há mais de três meses.
Denúncias e canais de atendimento
O Disque-denúncia específico para violência contra a mulher é o 180, que funciona 24 horas por dia. A vítima também pode escrever o símbolo de “x” na mão e apresentar em uma farmácia ou posto de saúde para pedir socorro de forma silenciosa, ou mesmo se dirigir a delegacia mais próxima, ou delegacia da mulher para denunciar situações de qualquer tipo de violência.
Foto destaque: A cada dois dias uma mulher é vítima de feminicídio em São Paulo/Christiano Antonucci/Secom-MT