Em uma decisão marcante da política comercial adotada desde o início da guerra entre a Rússia e a Ucrânia, a União Europeia anunciou a volta de tarifas sobre determinados produtos agrícolas produzidos por ucranianos. A medida, que entra em vigor a partir de 6 de junho de 2025, busca equilibrar o apoio contínuo à Ucrânia com a necessidade de proteger os agricultores dos Estados-membros da UE, sem favorecer nenhum dos lados.
Contexto da medida
Desde junho de 2022, a UE havia retirado tarifas de importação para produtos agrícolas ucranianos como parte de um pacote de apoio em resposta à invasão russa ao seu território. Essa liberalização comercial permitiu que a Ucrânia mantivesse o equilíbrio durante o conflito. No entanto, com as baixas nas tarifas, os últimos meses foram marcados por agricultores de diversos países europeus expressando preocupações sobre a concorrência desleal, alegando que os produtos ucranianos, muitas vezes mais baratos e sujeitos a regulamentações ambientais menos rigorosas, estavam pressionando os preços locais e ameaçando a viabilidade de suas operações.
A reintrodução das tarifas será aplicada a produtos considerados sensíveis, incluindo aves, ovos, açúcar, aveia, milho e mel. Uma medida automática será ativada caso as importações desses produtos excedam a média anual registrada entre 2022 e 2023. Nessa situação, as tarifas serão restabelecidas para proteger os mercados internos dos Estados-membros.
Além disso, o novo regulamento permite que a Comissão Europeia imponha medidas corretivas rápidas em caso de perturbações significativas no mercado da UE ou em mercados específicos de um ou mais Estados-membros.
Exportação de produtos Ucranianos( Foto: reprodução/Carsten Koall/Getty images embed)
Impacto da decisão
A decisão da UE reflete um esforço para equilibrar a solidariedade com a Ucrânia e a necessidade de proteger os interesses econômicos internos. Enquanto o apoio político e econômico à Ucrânia permanece firme, a UE reconhece as dificuldades enfrentadas por seus agricultores e busca minimizar os impactos negativos do mercado interno.
Estimativas indicam que, com a entrada dessas restrições, a Ucrânia poderá perder cerca de 330 milhões de euros em receitas anuais provenientes das exportações para a UE. Essa perda representa um desafio adicional para a economia ucraniana, já abalada pelo conflito.
Perspectivas Futuras
A reintrodução das tarifas sinaliza uma abordagem mais cautelosa da UE em relação ao comércio com países em conflito, destacando a importância de medidas que vão equilibrar o apoio externo com a proteção dos mercados internos sem favorecer nenhum dos lados.
À medida que a situação evolui, a UE e a Ucrânia terão que continuar negociando termos que permitam o fortalecimento da parceria, ao mesmo tempo, em que asseguram a estabilidade e a prosperidade dos mercados internos europeus.
Foto destaque: Ucrânia na União Europeia (Reprodução/Thierry Monasse/Getty images embed)