Britto diz que, quando criança, preferia ficar na escola enquanto sonhava com um futuro melhor, viajando pelo mundo. E, enquanto viajava na imaginação, decorava os cadernos com desenhos e cores vivas. Quando não havia mais caderno para pintar, transferia para jornais e papelões seu talento precoce.
“Um dia, na praia, conheci a família do cônsul geral e comecei a pensar em ser diplomata, imaginava que isso abriria as portas do mundo para mim”, lembra o artista. Como parte do plano, o menino que passou a infância vivendo com uma família enorme espremida em uma casinha no recife iniciou o curso de direito na Universidade Católica de Pernambuco. Mas o entusiasmo pelas leis não durou. Logo trancou a matrícula, juntou suas economias e foi para a Europa, onde, durante um ano, contou com a acolhida de conhecidos.
Chegou a exibir alguns quadros em Londres, Madri e Berlim – e se deu conta de qual era sua verdadeira vocação: pintar, de preferência fora do Brasil. Não demorou para que novamente fizesse as malas, dessa vez rumo aos EUA. Lá, além de pintar, complementava a renda trabalhando em lanchonetes e lojas. O pernambucano se casou, teve um filho e passou a morar em Miami, onde expunha seus quadros nas calçadas no bairro de Coconut Grove.
Em 2005, Romero Britto foi nomeado Embaixador das Artes do Estado da Flórida. O pintor conheceu e retratou inúmeras celebridades: Leonardo DiCaprio, Michael Jackson, a princesa Diana, o ex-presidente Barack Obama, o Papa Francisco.
Britto já pintou quadros para personalidades como Michael Jackson e Madona. Foto: Reprodução/Forbes
Segundo o CEO do Grupo Britto, Lucas Vidal, as marcas Britto e Romero Britto Fine Art movimentam anualmente US$ 250 milhões em obras e produtos licenciados – que estão à venda em mais de 30 mil pontos em 120 países. Suas obras originais são comercializadas por valores entre US$ 1 mil e US$ 1 milhão (como o quadro “A Primeira Ceia”, vendido por esse valor em 2020 para um colecionador americano).
O artista inaugurou há um ano uma nova sede, próximo ao Design District, em Miami. O “Britto Palace” custou US$ 10 milhões e tem cerca de 5.600 metros quadrados – que abrigam cerca de 80 pinturas e esculturas, uma Ferrari, um Bentley e um Rolls-Royce.
“Estamos finalizando o desenvolvimento da linha de produtos – cama, mesa e banho, moda, linha pet e outros itens, todos de fabricação própria – e devemos abrir a primeira loja com esse novo conceito no fim de 2022”, revela Vidal. O valor de cada franquia ainda não foi definido, mas o objetivo da empresa é chegar a 300 lojas em cinco anos e pavimentar o caminho rumo à meta de faturamento anual de US$ 1 bilhão.