Os dois principais sindicatos de Hollywood, o Screen Actors Guild (SAG-AFTRA), que representa mais de 150 mil atores de cinema e televisão, e o Writers Guild of America (WGA) anunciou na semana passada (13), que estão em greve somando-se à paralisação dos roteiristas, após não chegarem a um acordo com a Alliance of Motion Picture and Television Producers (AMPTP), que representa grandes estúdios como a Disney, Netflix, Amazon, Sony e Warner. Essa é a primeira paralisação total de Hollywood em 63 anos.
Analistas estimam que a greve conjunta pode causar um impacto de US$ 3 bilhões (R$ 14,4 bilhões) para a economia. Além dos roteiristas e atores, a cada filme e série de televisão são empregados cerca de 300 trabalhadores, que ficarão provavelmente desempregados, como os assistentes de produção, cabeleireiros, cenografistas, entre outros. Um relatório do Instituto Milken após a greve de 2007, que envolveu somente os roteiristas, estimou uma perda de 37,7 mil empregos.
Pagamento, streaming e uso de IA
A atual greve de Hollywood visa principalmente abordar questões relacionadas a pagamentos mais altos de títulos de streaming e limites claros ao uso de inteligência artificial (IA) na produção de filmes.
O SAG-AFTRA afirma, que os pagamentos de royalties feitos aos atores de Hollywood foram "substancialmente reduzidos nos últimos dez anos, o que acompanha o crescimento desenfreado do streaming". Os sindicatos argumentam que seus membros não estão recebendo uma compensação justa dessas novas plataformas.
Além disso, os atores e roteiristas também estão exigindo esclarecimentos e garantias sobre o uso de IA em produções futuras. O sindicado WGA pediu aos estúdios que não permitissem scripts escritos exclusivamente por IA, não usassem modelos de IA e, finalmente, não pagassem menos aos escritores se eles usassem o auxílio da IA para escrever roteiros. Já o SAG-AFTRA protestou contra algumas propostas dos estúdios de Hollywood sobre possuir a imagem digital dos atores perpetuamente.
Os estúdios argumentam que as demandas dos sindicatos são irrealistas, dados os desafios que a indústria do entretenimento enfrenta, desde o streaming até as consequências da pandemia.
“Este é o pior momento do mundo para aumentar essa interrupção”, disse Bob Iger, CEO da Disney, à CNBC.
Greve dos roteiristas (Foto: reprodução/Getty Images/The New York Times)
Produções comprometidas
A vice-presidente de pesquisa de equidade na Wedbush Securities, Alicia Reese, afirma que essa situação afetará as redes de televisão e os serviços de streaming a curto prazo, e deve pressionar a Netflix, a Disney e outros estúdios a negociar e resolver a questão o mais rápido possível.
Grandes atrações como "Ruptura" e "Stranger Things" tiveram suas produções interrompidas logo depois do início da paralisação dos roteiristas. A Disney chegou a anunciar várias mudanças no calendário de lançamentos cinematográficos de junho devido à greve. Agora, com a greve conjunta, novas produções podem ser comprometidas. Vários sucessos de bilheteria de Hollywood, como as sequências de Avatar, Missão Impossível, Deadpool e mais, devem sofrer atrasos.
O impacto pode ser ainda maior com as grandes estrelas de Hollywood se unindo à paralisação, como Jennifer Lawrence, Ron Perlman, John Cussack, Viola Davis e muitos outros que se manifestaram publicamente em apoio à greve.
Foto Destaque: Greve de Hollywood. Reprodução/TheGuardian.