Economistas do Estadão/Broadcast acreditam que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) poderá passar de 4,5% ainda em 2024, elevando os preços dos alimentos e da conta de luz. Segundo os especialistas, a alta dos preços será provocada sobretudo pelas mudanças climáticas.
Meta de inflação pode não ser cumprida
Para 2024, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) determinou a meta de 4,5% de limite nos índices de inflação. Infelizmente na última sexta-feira (4), a XP Investimentos elevou suas estimativas de 4,4% para 4,6% para a inflação deste ano.
Na mesma linha de raciocínio, o Banco Santander também elevou suas estimativas de 4,1% para 4,4%.
No relatório de ambas as empresas a principal causa para o fenômeno foi atribuída às secas severas enfrentadas na maior parte do território brasileiro, que afetou as produções do setor agropecuário e o rendimento das usinas hidrelétricas. A seca de 2024 é tida como uma das piores dos últimos 70 anos.
A bandeira tarifária de energia, sistema que determina se os preços das contas irão aumentar ou diminuir, chegou ao nível vermelho 2 agora em outubro. A mudança na bandeira, que era vermelho 1 em agosto, é um dos principais fatores apontados pelos especialistas para o estouro na meta da inflação.
Bandeiras da conta de luz (Foto: reprodução/Editoria de Arte/g1)
Caso as condições climáticas passem a se apresentar mais favoráveis, é possível que a bandeira volte a ser vermelho 1 até o final do ano.
“A agricultura no Brasil, e a própria inflação, depende muito dessa regularidade do clima” apontou André Braz, Economista do FGV IBRE e Coordenador dos Índices de Preços.
O Itaú Unibanco acredita que será possível manter a meta inflacionária, mas reconhece os grandes desafios que o setor irá enfrentar até o fim do ano.
Outros fatores
O agronegócio ainda vem sofrendo com as consequências das enchentes que afetaram o Rio Grande do Sul no começo de 2024. Felizmente a situação não se mostrou tão agravada como alguns especialistas previram na época. Alguns especialistas chegaram a apontar uma estimativa de 5% de inflação após o ocorrido, o que se concretizou foi um índice de 3%. Ainda assim, o agronegócio da região ainda percorre um longo caminho até a normalidade.
O tempo seco também contribuiu para a propagação das queimadas pelo país. Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mais de 900 municípios apresentaram 80% do seu território destinado ao agronegócio afetados pelas queimadas.
Tais condições levaram a colheita do país a ser cerca de 6% menor do que a colheita do mesmo período de 2023.
Foto destaque: preços dos alimentos podem subir (Reprodução/Joe Raedle/Getty Images Embed)