O resultado das eleições nos Estados Unidos deve ser conhecido até a tarde desta quarta-feira (6). Kamala Harris e Donald Trump são os principais concorrentes para chegarem à Casa Branca. Com crescimento considerável nas últimas pesquisas, o ex-presidente é uma figura polêmica e, por vezes, considerado uma opção arriscada. Professor do Departamento de Economia da Universidade da Califórnia em Berkeley, Barry Eichengreen é dos que se mostram preocupados com o possível retorno do republicano.
"A elevação generalizada e significativa das tarifas de importação dos bens comprados pelos EUA de todo o mundo e a deportação em massa de imigrantes estão no topo da lista de propostas mais preocupantes do programa de governo do ex-presidente Donald Trump", disse Eichengreen em entrevista ao jornal O Globo. Além do trabalho como professor, ele foi assessor do FMI e presidente da Associação de História Econômica Americana.
Consequências
Independente do vencedor, Barry Eichengreen comenta que o resultado das eleições terá efeitos. Caso Trump vença, a deportação de imigrantes surge como pauta, além da imposição de tarifas. Esta última defendida pelo candidato devido à possibilidade em proteger o mercado interno. Para o professor, essas são opções desastrosas para a economia do país. "E coisas ruins que acontecem nos EUA não ficam nos EUA, como dizemos sobre o que acontece em Las Vegas. A economia mundial também seria afetada negativamente.", complementa.
A vitória de Kamala também altera o cenário atual, embora seja uma mudança menos radical para Eichengreen. Ela busca taxar grandes fortunas para priorizar programas assistencialistas. Por outro lado, o déficit orçamentário cresceria, e a situação do momento já é bastante comprometedora.
Vice de Joe Biden, Kamala Harris tenta se tornar primeira mulher presidente dos EUA (Foto: reprodução/@Ssnyder1835/X)
Impacto global
Visando frear o avanço de produtos chineses no país, Donald Trump promete altas taxas de importação para itens do país asiático. E isso, segundo Barry Eichengreen, é um dos motivos que afetariam a desglobalização.
"Uma coisa garantida para acelerar o processo de declínio da dominância do dólar seria infringir a independência do Federal Reserve (Fed, o banco central americano) ou nomear um presidente do Fed que se submetesse aos desejos do presidente. Trump se afastou da primeira dessas duas alternativas, mas pode-se imaginar que ele avançaria com a segunda.", aponta Eichengreen.
Eichengreen diz que sua maior preocupação são justamente as altas nas tarifas e a severidade na deportação de ilegais nos Estados Unidos.
Foto Destaque: Donald Trump tenta novo período como presidente dos EUA (Reprodução/@ploughmansfolly/X)