O dólar americano chegou a R$5,65 nesta segunda-feira (2). Essa é a maior alta da moeda desde janeiro de 2022, quando chegou a R$5,67. A explicação envolve fatores domésticos e internacionais. O principal deles é o aumento da rentabilidade dos títulos de tesouro no EUA. Isso ocasiona uma atração da moeda por parte de investidores norte-americanos, resultando em escassez fora do país.
Também existe receio com as eleições eleitorais dos Estados Unidos, que acontecem em novembro deste ano. Em entrevista ao jornal “O Globo”, o estrategista de investimento e analista na Potenza Capital Bruno Komura apontou como o tema influencia no preço do dólar:
“O receio é que, numa vitória de Trump, ele queira fechar o mercado americano, adotando novas tarifas no comércio com a China. Por isso, os Treasuries (Títulos do Tesouro americano) subiram hoje (segunda-feira), e o dólar também, em relação às moedas emergentes. E o Brasil, que tem fundamentos fracos, acaba sendo sacrificado.”
Cenário nacional
O brasileiro é impactado pela alta do dólar desde produtos do cotidiano. Insumos básicos como trigo e farinha (importados) ficaram mais caros. Consequentemente, o pão, o biscoito e o macarrão são alguns dos alimentos que sofreram aumento.
Em entrevista para o portal “UOL”, Matheus Pizzani, economista da CM Capital, justificou também o acréscimo no preço da gasolina:
"Apesar de ser um grande produtor de petróleo, o Brasil não possui capacidade de refino suficiente para atender a demanda interna por combustíveis, importando quase toda a gasolina consumida no país.”
Com o preço a moeda norte-americana, produtores optam por exportar seus itens. Isso gera uma oferta interna menor, refletida no preço dos produtos. Com a tendência de subida da inflação, a taxa de juros básica Selic também deve sofrer implicações, seja com sua manutenção ou aumento.
Alta do dólar faz pães encarecerem (Foto: reprodução/conserdesign/Pixabay)
Haddad aponta "ruídos" como vilão
Ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad foi questionado na portaria do ministério acerca do preço do dólar. Segundo ele, existe uma necessidade de melhor comunicação para divulgação dos resultados econômicos do país:
"Atribuo (alta do dólar) a muitos ruídos. Já falei isso no conselho, Conselhão [Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável], falei disso. Precisa comunicar melhor os resultados econômicos que o país está atingindo, por exemplo, tive hoje mais uma confirmação sobre atividade econômica e arrecadação de junho. Fechou hoje, mês de junho ficou acima do previsto pela Receita Federal. Ou seja, nós estamos no sexto mês de boas notícias na atividade econômica e na arrecadação".
Lula também mostrou preocupação com a alta da moeda. Em entrevista à rádio Sociedade, de Salvador, o presidente disse que tem “conversado com as pessoas sobre o que a gente vai fazer”, citando também um jogo de interesses contra a moeda brasileira. O mesmo convocou uma reunião para amanhã (3) em Brasília.
Foto Destaque: Dólar atinge R$5,65, maior valor em dois anos e meio (Foto: reprodução/Barta4/Pixabay)