A fabricante de aviões Boeing protagonizou nesta semana uma das maiores negociações do setor já realizadas nos últimos tempos. Pelo valor de US$ 10,55 bilhões, a companhia americana vendeu parte de sua divisão de soluções digitais de aviação, incluindo a “Jeppesen”, adquirida no ano 2000 por US$ 1,5 bilhão. A compradora foi a empresa de investimentos em private equity, a Thoma Bravo.
A informação foi confirmada pela própria Boeing na última terça-feira (22) e repercutida em matéria do site da Revista Forbes do mesmo dia.
Dentre as plataformas digitais da Boeing que fornecem soluções para navegação aérea abrangidas pela Jeppesen e inclusas na comercialização, também estão: ForeFlight, AerData e OzRunways.
Conforme a matéria, por meio de um comunicado oficial, a Boeing informou que a transação comercial visa reduzir dívidas, custos e fazer com que a fabricante passe a dar mais atenção ao seu negócio principal. Essa venda é parte das estratégias adotadas pelo seu presidente-executivo, Kelly Ortberg.
“Esta transação é um componente importante de nossa estratégia para priorizar negócios essenciais, fortalecer o balanço e manter o ‘investment grade’”, avaliou Kelly Ortberg, presidente e CEO da Boeing, em entrevista concedida ao jornal “Estadão” e publicado no site “ISTOÉ Dinheiro” na terça (22).
We’re announcing the sale of portions of our Digital Aviation Solutions business to @thomabravo.
— The Boeing Company (@Boeing) April 22, 2025
This deal will include @Jeppesen, @ForeFlight, @AerData, and @OzRunways assets and is expected to close by the end of 2025.
Head here for full details: https://t.co/BxgG2fQ2DC pic.twitter.com/EkcCCP7oR7
Publicação oficial na rede social da Boeing sobre a venda das plataformas digitais (Foto: reprodução/X/@Boeing)
A publicação oficial da Boeing traduzida para o português diz: “Estamos anunciando a venda de parte do nosso negócio de Soluções Digitais para Aviação para Thoma Bravo. Este acordo incluirá os ativos da Jeppesen, ForeFlight, AerData, OzRunways e deverá ser concluído até o final de 2025.”
De olho em seus clientes comerciais e de defesa, em que pese a venda, a Boeing continuará com os recursos digitais essenciais da empresa que proveem dados específicos de aeronaves e de frotas para os serviços de manutenção, diagnóstico e retificação.
An immersive and interactive experience awaits those visiting us at #FIA2024.
— The Boeing Company (@Boeing) July 16, 2024
Our exhibit will include sustainability technologies, cabin products and a full-size 777X interior section.
In the skies, our advanced F-15 demo will display its capabilities. On the ground, @wiskaero… pic.twitter.com/sweyQqcvmE
Vídeo institucional da Boeing exibe seus serviços de engenharia para a aviação civil e para indústria aeroespacial, inclusive para defesa militar (Vídeo: reprodução/X/@Boeing)
A negociação
Na realidade, a aquisição da Thoma Bravo ocorreu por meio de um leilão. A Jeppesen despertou o interesse de algumas instituições financeiras e também de um fornecedor do setor aeroespacial. Nos lances finais, a Jeppesen chegou a ser avaliada em mais de US$ 8 bilhões. A vencedora Thoma Bravo superou lances das rivais TPG, Advent e Veritas.
O valor da venda das plataformas indica que a negociação da Boeing foi lucrativa. Em 2000, a companhia americana havia adquirido a Jeppesen por US$ 1,5 bilhão. Já quando abriu o leilão para vendê-la em 2024, a fabricante traçou como meta valores acima de US$ 6 bilhões. A grande procura de compradores em potencial elevou o valor da empresa americana gigante na aviação. Por fim, o lance mais alto foi fechado no valor de US$ 10,55 bilhões, bem acima do preço de quando foram adquiridas.
Painel digital da Jeppesen que oferece diversas utilidades para navegação aérea (Foto: reprodução/X/@Boeing)
Segundo a matéria publicada pela Forbes nesta semana, dado o alto valor, essa transação foi uma das maiores do tipo já realizadas recentemente.
Estima-se que aproximadamente 3.900 funcionários serão impactados por essa venda. A transação deve ser concluída até o fim de 2025 e continua sujeita a aprovações regulatórias.
Outras negociações
Em um negócio que movimentou cerca de US$ 5,6 bilhões, a Ball Corp vendeu ativos aeroespaciais para a BAE Systems há dois anos.
Já em fevereiro deste ano de 2025, a British Airways comprou a operação de manutenção da americana Boeing no aeroporto de Gatwick, próximo a Londres.
A Insitu, empresa de drones da Boeing, é a próxima na lista de futuras vendas da fabricante de aviões.
Jeppesen e demais plataformas digitais
A “Jeppesen” abrange a “ForeFlight”, a “AerData” e a “OzRunways”. Todas elas são plataformas digitais utilizadas pela Boeing para prover soluções para navegação aérea, tais como: planejamento de voo, gerenciamento de rotas e gestão de dados de aviação.
Through its digital solutions, @Jeppesen FliteDeck Pro enables airlines to make great strides in their operational efficiency & sustainability goals—including support for 100M+ paperless flights that have kept 6k+ acres of forest standing. #OSH22
— Boeing Airplanes (@BoeingAirplanes) July 29, 2022
More: https://t.co/4j7HxXm0lk pic.twitter.com/KoOr1SOUUV
Vídeo promocional da Jeppersen demonstrando as utilidades da plataforma digital para navegação aérea (Vídeo: reprodução/X/@Boeing)
A "Jeppesen" é considerada um ativo muito importante para empresas aeroespaciais e de investimentos, pois sua aquisição também visa a gerar um fluxo de caixa estável para a companhia que a possui.
Após o anúncio da nova negociação da Boeing com a Thoma Bravo, às 10h50 (horário de Brasília), as ações da companhia fabricante de aviões já haviam subido 1,04% em Nova Iorque.
Foto Destaque: na fachada do prédio, o logotipo e a logomarca da Boeing (Reprodução/X/@ATPFlightschool)