A Americanas divulgou, em 11 de janeiro, um comunicado informando que foram encontradas “inconsistências contábeis” bilionárias no balanço. Ao todo, a empresa reúne uma dívida de R$43 bilhões e está em processo de recuperação judicial. No entanto, a relação com seus credores tornou-se insustentável e até então, suas ações recuaram 94% – suas ações estão valendo R$0,71 – sendo excluídas de 14 índices da B3, incluindo a Ibovespa.
A queda drástica das ações da varejista aconteceu nas primeiras horas de bolsa aberta após o anúncio do rombo. Daniela Bretthauer, chefe de pesquisas da BGC Liquidez, acredita que um dos motivos tenha sido a comunicação falha da empresa, uma vez que não houve maiores detalhamentos acerca do problema encontrado.
“Na minha visão, o anúncio foi feito de forma irresponsável, já que não apontava o tamanho do problema, sua origem e nem como seria endereçado. E, além de divulgar um fato relevante sem embasamento, a empresa foi prestar esclarecimentos no dia seguinte em um evento fechado, com acessos limitados. É claro que um ‘rombo’ dessa magnitude teria consequências gravíssimas para a companhia de qualquer forma, mas do jeito que foi feito, gerou mais repercussão e assustou credores, fornecedores, clientes e o próprio mercado”, afirmou Bretthauer.
Queda das ações da Americanas na bolsa de valores. (Foto: Reprodução/B3/Correio Braziliense
Danniela Eiger, chefe de varejo e co-chefe de pesquisas da XP, acredita que a Americanas “tem que avançar no processo, realizar acordos e tentar ficar de pé novamente. No entanto, as ações tendem a sofrer, uma vez que as medidas são focadas nos credores, e não nos acionistas, e pode haver processo de diluição dos papéis [se os acionistas de referência realizarem aportes para socorrer a empresa, sua posição acionária aumenta e ocorre o contrário com os demais acionistas]”.
No entanto, para outro analista, mesmo que a Americanas consiga voltar a gerar valor, alguns investidores podem não confiar mais nesse processo. O pico das ações da Americanas ocorreu no segundo semestre de 2020, ou seja, na primeira onda de COVID-19, quando as compras online aumentaram significativamente devido ao isolamento social. Agora, os principais ativos que atraem os investidores são Mercado Livre e Magazine Luiza.
Foto Destaque: Lojas Americanas. Reprodução/Brazil Journal