Isaías é um influenciador digital de Sete Lagoas, Minas Gerais, que conquistou milhões de seguidores quando começou a fazer vídeos de humor para suas redes sociais. Em entrevista ao Lorena R7, ele abriu o coração sobre como enxerga a recepção dos fãs com relação ao seu trabalho, além de contar sobre como foi a trajetória em projetos cinematográficos.
O humorista revelou bastidores do seu processo criativo, falou sobre detalhes de sua personalidade que diz respeito a seu lado tanto pessoal quanto profissional e também confessou grandes desejos para um futuro próximo.
Confira a entrevista completa abaixo:
1- Vindo diretamente de Minas Gerais, como você despertou para esse lado das mídias sociais, sempre foi seu sonho? Como surgiu essa vontade?
“Para quem não conhece eu sou de Sete Lagoas, né? E Sete Lagoas tem o Zacarias, que veio de lá, a Paula Fernandes…Então eu sempre fui muito piadista, sempre contei piada para os outros… Eu era aquele menino chato, sabe? Aquele povo que não conseguia calar a boca? Sigo até hoje sendo assim. Mas eu sempre tive essa vontade, eu sempre tive um lado artístico.
Queria ser desenhista, depois engenheiro, e no final das contas acabou sendo assim: ‘quero ser ator’, e eu usei a internet como a porta de chegada lá. Não tinha dinheiro para fazer teatro, nem teatro na minha cidade, e ir para o Rio de Janeiro tentar era muito difícil! Dá medo de viver esse sonho assim tão longe, e nisso eu vi a internet como a porta de entrada para eu chegar nos meus objetivos… graças a Deus estou chegando!
Eu consigo compartilhar minhas histórias na internet de uma forma que eu consegui meu público, eu conto com a minha cabeça e as pessoas entendem, sabe? É bem legal pra mim! Foi isso que me motivou. E como já havia pessoas famosas na minha cidade, eu falei: ‘ah gente, se esse povo conseguiu, por que não eu?”
Isaías (Foto: reprodução/Instagram @isaias)
2- Sempre recebeu apoio dos familiares quando tomou essa decisão? Como foi pra eles?
“Ah, não acharam muito legal não… Porque é uma realidade bem distante, né? Então eles falavam assim: ‘vai trabalhar menino, vai fazer faculdade, fez o Enem já?’ Não foi tão assim não… Hoje eles falam: ‘não, sempre apoiamos’ e aí eu falo ‘que mentira, que mandaram eu trabalhar, falaram que não teria futuro não! [risos]”
Só que eu entendo também nossos pais, porque eles vêm de uma realidade bem diferente. De repente todo mundo fazendo faculdade, sempre soube que tinha que fazer faculdade pra ter um bom emprego, pra poder fazer as coisas… e de repente ver o filho falando ‘não vou fazer faculdade, vou fazer algo na internet e vai dar dinheiro’, porque no final das contas não é só viver de sonho, tem que bancar né? Tem que crescer, tem que pagar as contas, tem que sair de casa…
Então na hora em que eles viram que estava dando certo e que realmente não era só um devaneio, mas uma realidade palpável, eles entenderam que eu estava me levando a sério e não brincando de ser adulto, aí veio o apoio. Hoje eles me cobram, tá? Me cobram no nível de: ‘Hum, não vai fazer vídeo hoje não?’ e eu falo: ‘Calma, deixa eu nem descansar cara!”, mas é bem isso! [risos]
3- Você chama muita atenção justamente por toda a criatividade que envolve os seus vídeos. Por isso queria saber, em que momento surgem suas melhores ideias?
“Eu sempre li aquelas piadinhas, mas meu humor mudou bastante. Eu era apaixonado por stand-up, o fato de contar piada. Comprava aqueles jornais, sabe? Que tinham os classificados? Sempre tinha uma piadinha, a parte da piada. Lá em casa tinha a assinatura de jornal e era só essa parte que me importava. E aí de repente mudou toda a forma de fazer humor, na internet eu tenho que contar uma historinha, fazer um videozinho e tudo mais… É bem engraçado, porque as ideias vêm de uma hora para outra!
Estão vindo o tempo todo as ideias, só que do início até onde estou hoje, tem algumas que são repetidas, algumas que não são tão engraçadas… porque depende da forma que eu vou contar a piada. Como não é uma piada sonora e é muito visual, tem que ter os personagens, que entram para ajudar a deixar esse lado mais cômico meu, o que entra naquele humor mais vergonha alheia… As ideias vêm de amigos, estou bebendo, conversando, aí estou vendo uma ideia, me lembro de uma história… por isso que eu gosto muito de conversar, né? Eu sou uma pessoa que fala muito!
Gosto de conversar porque preciso buscar de alguém alguma coisa, uma ideia, então eu escuto bastante. Fico pensando assim: ‘dá um vídeo, mas como vou transformar a ideia em vídeo?’ e aí vem todo o processo.
Mas tem alguns que são muito espontâneos mesmo. As melhores ideias são quando eu tenho vergonha de fazer. Quando eu sinto vergonha de fazer o vídeo eu falo: ‘esse vídeo é muito bom, porque estou com vergonha’. Eu faço tanta coisa gente… [RISOS] E é aí que a galera começa a rir mesmo! Eu começo a olhar mais para um lado de trazer o humor para a minha vida, né?
Meu humor, meu trabalho, sempre foram acompanhando a minha história, meu momento de vida. Por exemplo, quando eu estava morando com meus pais, meu humor era mais adolescente. O meu personagem era adolescente, fazia coisas de adolescente… E hoje eu mudei, moro sozinho… então tento acompanhar, trazer o cotidiano do público, que é um pouquinho mais velho. Tento trazer situações da realidade.
Não consigo fazer mais piadas de escola, porque meu público já não está na escola mais. Tento fazer humor do cotidiano, de balada, de festa, relacionamento… coisas do dia a dia mesmo. Para atingir todo mundo, não ficar nichado.”
Vídeo de Isaías (Vídeo: reprodução/Instagram/@isaias)
4- Já imaginava alcançar todo esse público que tem hoje, com simplesmente milhões de admiradores, de fãs nas suas redes?
“Olha, vou falar, vai parecer um pouquinho arrogante, mas eu sempre imaginei… porque é o que fazia a gente continuar, porque é bem difícil, né? Da gente continuar… Mas quando acontece a gente fica chocado! A gente fica sempre assim: ‘meu Deus, eu to vivendo o que eu falei que eu ia viver?’. É bem chocante, toda vez que eu paro pra pensar eu falo: ‘gente, realmente eu to fazendo aquilo que o Isaías pequenininho falou que ia fazer’ e estamos aqui.
Então é bem legal ter essa sensação, porque sobre esperar, a gente sempre imagina… a gente não começa uma coisa pensando assim: ‘ah, eu vou fazer para não dar certo’. Sempre imagina, mas quando acontece de fato a gente fica assim: ‘rapaz, está certo isso? O que aconteceu?’ [risos].
5- Quais feedbacks dos seguidores te deixam com a sensação de dever cumprido e de que está no caminho certo? O que te faz brilhar os olhos?
“É uma sensação múltipla, né? Porque eu era bem tímido! Quando a gente está entrando na adolescência a gente começa a ficar feio, começa a ficar cheio de hormônios e aí começa a ficar tímido… Não com os meus amigos próximos, mas com pessoas novas eu ficava muito tímido, retraído, e ver essa transformação de onde eu saí para hoje, que eu abraço gente que eu nem conheço e estou conversando, é muito legal pra mim!
Eu falei assim: ‘gente, olha quem eu me tornei, né?’, porque o meu trabalho me faz sair da zona de conforto várias vezes. Estou sempre em mudança com o meu trabalho, eu falo ‘ah, o que eu tenho que fazer aqui agora?’, ‘o que eu tenho que fazer aquilo outro?’, ‘em que ponto eu tenho que melhorar?’. Porque às vezes a gente fica tímido de uma vez, com vergonha, então é sempre uma experiência.
Quando as pessoas me encontram, o que me deixa feliz é quando a pessoa vem falar comigo! Porque tem gente que eu vejo, passa, olha, mas não tem coragem de falar…
Quando a pessoa vem, conversa comigo, ela elogia… ela fala assim: ‘Seus vídeos me fazem bem, eu fico esperando todos os dias seus vídeos lá!’, é uma sensação de amor mesmo que eu tenho, vindo das pessoas que nem me conhecem. Elas perguntam da minha vida: ‘cadê a sua cachorra?’, ‘cadê sua mãe?’ e eu falo: “gente, meu Deus, que coisa maravilhosa!
É precioso, é um amor que é bem gostoso! Geralmente quando estou em um dia triste e encontro alguém que me conhece, melhora o meu dia, então é bem uma terapia, né?”
Vídeo de Isaías (Vídeo: reprodução/Instagram/@isaias)
6- Sei também que além das redes, você realizou seu primeiro filme em 2023, dando vida ao Joca, no longa "Um Ano Inesquecível- Verão". Como foi pra você essa experiência ? Pretende investir na atuação?
“Eu sempre quis ser ator, por isso uso os personagens… daí me apaixonei pelos vídeos, também! Foi bem enriquecedor para mim, porque estou acostumado a fazer tudo! Eu edito, gravo, roteirizo, eu sei a hora que vou gravar. E chegando lá no set, que tem tipo, DUZENTAS PESSOAS e eu passar a controlar a parte que eu vou fazer, só a parte, foi um processo de aprender que ‘Calma, que tudo tem seu tempo! A hora…’ por mais que você queira fazer rápido demais, mas fazer coisas grandes, um filme, um projeto grande, demanda mais tempo e mais preparo para fazer.
Na preparação do filme, eu consegui me desprender mais! Porque estou tão acostumado a fazer sem ninguém estar vendo e quando você vê tem um impacto, mesmo sabendo que as pessoas veem eu de peruca, de sei lá o que… Na hora que está ali pessoalmente você fala: ‘meu pai!’
Então, foi uma experiência para eu poder ter um pouquinho mais de evolução, ser mais expansivo no que eu gosto de fazer. Desde lá aprendi tanta coisa, que foi maravilhoso para mim… e poder gravar com pessoas maravilhosas, né?! Teve o Micael, a Lívia, a Duda, Mariana Rios, a Késia… Foi uma experiência bem legal, a gente se torna uma família durante 3 meses gravando todos os dias! São experiências únicas, maravilhosas!”
Isaías, Lívia Inhudes e Micael Borges (Foto: reprodução/Vigilia Nerd)
7- Mesmo que a resposta seja um pouco previsível, em uma escolha entre a criação de conteúdo e a atuação, qual prefere?
"Eu prefiro atuar em filme, acredita? Mas não quero atuar em filme de uma forma: ‘ah, quero atuar!’, quero fazer parte do projeto, sabe? Porque às vezes quero fazer alguma coisa a mais nas minhas redes sociais e eu não tenho a plataforma para poder fazer as minhas ideias, tipo ‘quero fazer essa história, ter esse enredo, ter essa trajetória toda’.
É tão curtinho às vezes, porque pelo telefone hoje em dia as pessoas veem tão rápido que aquela coisa não fica permanente! O filme tem muito mais envolvimento, marcam as pessoas… eu gosto de contar história, não que eu largue os vídeos, mas é que quero explorar outras áreas, sabe? Fazer alguma coisa maior, um trabalho grande! Mas com certeza os vídeos são mais fáceis, gravar um filme é complicado demais! [risos]"
8- Falando sobre explorar, quais outros lugares gostaria de estar? Quais áreas gostaria de explorar, mas nunca explorou, tem curiosidade?
“Ah não… estou explorando! Quero virar um empresário, né? Tenho um olhar empresário, porque quando era adolescente eu trabalhava na loja da minha mãe, então meio que ajudava em tudo e aprendi muita coisa. Até para fazer os personagens femininos, é porque tenho uma bagagem de conviver em uma loja feminina com mulheres o dia inteiro! Então sei mexer com roupa, comprar roupa, gerenciar algo, um negócio
Gosto muito de criar, de mostrar um outro lado meu, sabe? Porque as pessoas acham que sou só engraçado, e eu também deixo as pessoas pensarem que sou só engraçado. É uma coisa que peco um pouquinho.
Mas é muito legal, queria ser um empresário, fazer um projeto, ter uma empresa, talvez uma empresa de criação de conteúdo, roteiro de filme… já pensei em escrever um livro também… Quero ser tudo! Tenho muita energia para gastar [risos].
Só não posso cantar, porque cantar infelizmente eu não nasci com essa voz maravilhosa. Pareço uma maritaca cantando… mas sou apaixonado por música mesmo e só não canto porque não dá, porque se não estaria cantando também! [risos].
9- Mencionamos pontos positivos, mas tem algum ponto negativo que enxergue em toda a sua exposição com o público?
“Não olho como ponto negativo, porque quando comecei a fazer sabia que teria que abrir mão de algumas coisas e até mesmo evoluir em questão pessoal, que nem tudo é no meu tempo, que nem tudo é da forma que eu quero, que nem todo mundo é obrigado a saber se estou de uma forma ruim.... Então eu consegui controlar a forma que eu reajo às coisas ao meu redor!
Por exemplo, quando não estou bem evito sair de casa, sabe por quê? Porque não estou bem! Porque na rua, na verdade a pessoa está me vendo, por mais que esteja ruim, não esteja tão legal naquele dia… mas é a única oportunidade daquela pessoa que vai me ver! Então fico com muito carinho, de mesmo assim a pessoa vir me parar, porque as pessoas morrem de vergonha, elas vêm: ‘desculpa, não queria te incomodar’, então não vejo como negativo, vejo como ócio do ofício, sabe?
É uma parte do meu trabalho e até gosto quando as pessoas me param porque é meu feedback, eu falo: ‘as pessoas estão gostando de mim’, elas falam de uma forma que eu consigo sentir, é uma energia boa que me vitaliza para continuar fazendo. Mas tem aquelas coisas que nem todo lugar a gente pode ir, nem tudo a gente pode opinar, a gente tem que ter um controle maior do nosso posicionamento, porque às vezes a gente está chateado e vai desabafar e acaba falando coisas que ferem outras pessoas…
Esses são os pontinhos que temos que ter um policiamento, é a responsabilidade com o poder que a gente tem sabe? Porque a gente influencia muita gente. É uma coisa que eu aprendi bastante e realmente fico feliz de ter esse controle emocional pra lidar com isso tudo. [risos]
10- Quatro palavras que te definem na vida pessoal e quatro na vida profissional?
Na vida pessoal sou uma pessoa muito leal, observadora, alto astral, que isso é impagável, meu, acordo igual um Golden… E verdadeiro até demais! Eu não consigo fingir! Agora que me defina como profissional: criativo, destemido, porque às vezes tenho que fazer umas coisinhas aqui que tipo ‘vamos fazer pela arte!’, aquela palavra ‘sem vergonha’, né? Vamos lá fazer! Também não tenho medo de errar, sou aventureiro e misterioso!
Vídeo de Isaías (Vídeo: reprodução/Instagram/@isaias)
11- Se pudesse resumir em uma frase, o que diria para o Isaías do passado, do comecinho?
“Falaria ‘garoto, pelo amor de Deus, para de levar as coisas tão a sério!’, levei tudo muito a sério por muito tempo, entendeu? Tive que aprender que nem tudo é tão sério, às vezes a gente só tem que brincar, fazer arte, fazer humor! Às vezes a gente brinca… arte a gente leva a sério! Mas o fazer a gente tem que estar brincando, temos que deixar a arte, o movimento, o trabalho guiar, às vezes o caminho que ele quer guiar sabe? Às vezes a gente começa um projeto e a gente não está tão apaixonado por aquilo, e está tudo bem! Deixa ele de lado, que daqui a pouco quando estiver pronto para vir ele vai vir, então não leve tudo a sério não, porque foi um aprendizado que eu tive! [risos]
Deixa fluir, querido! Vai lá, vai viver! Porque, realmente, eu levava tão a sério as coisas, que eu deixei de viver um pouquinho. Aí fiquei muito nervoso… na verdade, carregado, com o fato de ‘tem que fazer dar certo, tem que fazer dar certo’, mas tudo tem um tempo, né? Tudo tem um tempinho para dar, com essa ansiedade toda.
12- Tem algum projeto em mente para esse ano ou o próximo que possa contar?
“Projeto eu tenho, só que demanda muito! Estou fazendo um roteiro de um projeto, de um filme que quero fazer, contar história um pouquinho… Porque sempre mostro os personagens, sempre quis contar o meu lado, porque meus amigos falam ‘você é muito mais engraçado, muito mais interessante do que a Raiane dos seus personagens’, e eu falei que queria contar mais.
Estou guardando o meu ainda, então quero fazer o projeto de um filme, fazer o roteiro do filme que quero fazer… de humor, claro! Só não consigo falar data porque depende de muita coisa, mas estou trabalhando nisso… e estou trabalhando no meu lado empresário também, que está vindo aí! Projeto a gente está fazendo sempre, é que às vezes ficamos na plataforma do Instagram e não conseguimos fazer algo tão diferente do que é feito.
A gente tenta o humor, muda de alguma forma, com coisas mais interessantes, mas estamos sempre fazendo.
13- Para finalizar, um desejo seu para este ano?
“Ai, eu quero casar! [risos]. Gente, mentira! Eu não tenho nem pretendente, não tenho nem ficante, como é que eu quero casar esse ano ainda? É ser muito emocionado!
Mas esse ano quero chegar em um potencial que eu consiga expandir outras áreas da minha vida! Quero viver e trabalhar mais, mostrar outro lado meu, mais criativo, quero viajar, conhecer cultura, trazer outras ideias, outros personagens… tirar tudo do papel. Quero expandir!
Agradecemos ao Isaías pela entrevista e desejamos muito sucesso e grandes conquistas na sua carreira profissional.
Foto destaque: Isaías. (Foto: Divulgação)