O ator Sebastian Stan entrevistou Alexander Nanau, diretor de cinema indicado ao Oscar, para o site americano IndieWire, onde abordaram a origem romena de ambos, as dificuldades e adaptações que ocorreram após saírem do país de origem.
Os dois se mudaram durante a revolução Romena, que ocorreu durante o mês de dezembro de 1989, na época Stan tinha oito anos e se mudou para Viena, Áustria, com a mãe, indo para os Estados Unidos quando tinha doze anos. Já Nanau tinha dez anos, na época.
O documentário Collective, dirigido por Nanau, segue um grupo de jornalistas investigativos que descobrem fraudes no sistema de saúde romeno e a corrupção nos mais altos níveis de governo e tem seu desdobramento após o incêndio em uma boate em Bucareste que matou 180 pessoas, enquanto outras morriam por causa de condições precárias nos hospitais.
Stan comenta que se sentiu ansiosa para celebrar o grande marco, “É meio louco para mim. Obviamente, tem muito talento saindo da România nos últimos 20 anos. Eu só estou feliz que existe reconhecimento para um filme importante como esse.”
“Por alguns anos, até eu ter uns 16 ou 17 anos, eu sentia muita vergonha, muito medo, de dizer que eu era romeno.” Stan disse. “Eu tenho orgulho de ser romeno,” continuou.
“É uma coisa que acontece com imigrantes. Você tenta deixar o passado e construir uma nova vida. Para mim, a jornada de volta foi muito importante para aceitar que você não é um nem outro. Você é apenas a soma das experiências da sua vida.” Nanau disse.
Trailer oficial legendado de Collective. (Reprodução/Youtube King Filmes OFC)
Stan ainda comentou sobre os detalhes que ainda estão frescos em sua memória sobre como foi se ajustar a vida fora da Romênia: “Nós fomos ao mercado e vimos bananas. Nós não tínhamos bananas na Romênia. Minha mãe me mostrou as câmeras de segurança para que você não possa roubar. Porque quando você é uma criança crescendo na Romênia, eu acho que você aprende a roubar.” E, continuou falando sobre sua grande apreciação pelo filme, principalmente pelo jeito que utiliza o incidente da boate como um pontapé para explorar a disfunção geral do governo. “Começa com esse evento horrível, e aí explode essa bomba nuclear de informações. Meu sentimento inicial, além do choque, foi de extrema gratidão.”
Nanau falou sobre como a repercussão do incêndio da boate foi o que o motivou inicialmente a voltar para Romênia, “Quando isso aconteceu [o incêndio’, eu senti que foi um ponto de virada na sociedade. Eu vi a chance de entender como o poder funciona. Quando todas as revelações começaram, meu trabalho foi simplesmente ser o melhor cineasta que eu podia ser e traduzir as coisas para a tela de forma fidedigna. Para mim, talvez até mais que descobrir toda essa corrupção, era sobre esses personagens da vida real.”
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Quando Nanau perguntou a Stan o motivo dele se sentir compelido a apoiar Collective e outros projetos romenos de forma geral, Stan respondeu: “Eu acho que apenas nos últimos cinco anos, mais ou menos, que mais oportunidades começaram a aparecer no meu caminho. Como pessoas criativas, nós temos essa responsabilidade de ajudar a contar as histórias certas e, assim, ajudar as pessoas a usarem a própria voz onde elas tenham sido silenciadas. Eu apenas comecei a arranhar a superfície em termos de estar envolvido com as histórias certas que eu quero fazer parte.”
Stan ainda afirma que quer trabalhar em mais projetos romenos: “Eu tenho desejado achar um jeito de trabalhar de volta na Romênia e entender mais sobre o lugar,” Finalizou.
No momento, Sebastian Stan pode ser visto como Bucky Barnes em Falcão e o Soldado Invernal na Disney+. E Collective, dirigido por Alexander Nanau, concorre aos Oscars de Melhor Filme Internacional e Melhor Documentário, e ainda não tem data de estreia prevista no Brasil.
(Foto Destaque: Sebastian Stan na estreia de Vingadores: Guerra Infinita. Reprodução/AP)