Tarcísio se desculpa por piada e promete reforçar combate ao metanol
Governador reconhece erro em fala sobre intoxicações por metanol, pede perdão às famílias e anuncia novas medidas contra a falsificação de bebidas em São Paulo

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), divulgou nesta terça-feira (7) um vídeo pedindo desculpas por uma fala feita durante coletiva sobre os casos de intoxicação por metanol no estado. Ao comentar a gravidade da situação, Tarcísio disse que “só se preocuparia no dia em que começassem a adulterar Coca-Cola”, declaração que gerou forte repercussão negativa.
No pronunciamento, o governador reconheceu o erro e afirmou que o comentário foi inadequado diante do contexto. “Errei. Fiz uma brincadeira para descontrair a coletiva, mas ela foi mal interpretada e, de fato, não cabia naquele momento”, afirmou. Ele ainda destacou que o governo tem adotado uma série de medidas para enfrentar a crise, como parcerias com o setor privado e ações de fiscalização.
Tarcísio também dirigiu um pedido de perdão às famílias das vítimas, aos comerciantes e à população em geral. “Nosso compromisso é com as pessoas, com a verdade e com a solução do problema. Não tenho compromisso com o erro. Peço perdão às famílias que sofrem, aos que perderam entes queridos e aos que estão vendo seus negócios prejudicados.”
Casos de intoxicação preocupam autoridades em São Paulo
O Estado de São Paulo concentra o maior número de registros de intoxicação por metanol no país. De acordo com o boletim mais recente da Secretaria da Saúde, são 176 casos notificados, sendo 18 confirmados, 158 em investigação e 10 mortes, das quais três já foram oficialmente relacionadas ao consumo de bebidas adulteradas.
A Polícia Civil trabalha com duas principais linhas de investigação: o uso do metanol na higienização de garrafas reaproveitadas e a adulteração intencional de bebidas com a substância. Segundo as autoridades, o álcool industrial pode ter sido usado para aumentar o volume de produção de bebidas falsificadas, sem o conhecimento de que o produto estava contaminado.
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Dr. Drauzio Varella explica os efeitos do mentanol do organismo. (Vídeo: Reprodução/Instagram/@sitedrauziovarella)
A Superintendência de Polícia Técnico-Científica confirmou a presença de metanol em bebidas de duas distribuidoras. O governo paulista pretende solicitar à Justiça a destruição de garrafas, rótulos e selos apreendidos nas operações, que já resultaram na coleta de mais de 7 mil unidades suspeitas
Governo reforça medidas e alerta sobre consumo seguro
Após a polêmica, Tarcísio reafirmou o compromisso do estado em intensificar o combate à falsificação de bebidas. Entre as medidas anunciadas estão a criação de um programa de qualidade para distribuidores e comerciantes, a suspensão de inscrições na Fazenda de empresas envolvidas em irregularidades e o aperfeiçoamento da logística reversa das garrafas.
As autoridades também reforçam o alerta à população sobre os riscos do metanol, substância altamente tóxica usada na indústria. Quando ingerido, o metanol pode causar cegueira, insuficiência renal e até morte, sendo impossível identificá-lo pelo sabor, cheiro ou cor da bebida.
Especialistas recomendam que consumidores desconfiem de preços muito baixos, comprem apenas de fornecedores confiáveis e verifiquem lacres e selos fiscais nas embalagens. Em caso de sintomas como tontura, dor de cabeça intensa, visão turva ou confusão mental, a orientação é buscar atendimento médico imediato e informar a origem da bebida consumida.