[Festival do Rio] Elenco de “Baby” fala sobre longa premiado em Cannes
Première reuniu elenco e equipe no Rio; confira as entrevistas com João Mariano, Ricardo Teodoro e Bruna Linzmeyer

Durante a noite da última segunda-feira (7), o Rio de Janeiro foi palco para a première nacional de um filme premiado no Festival de Cannes, “Baby”, novo longa de Marcelo Caetano. O evento aconteceu na zona Sul da cidade maravilhosa e faz parte da programação da 26ª edição do Festival do Rio, um dos mais importantes do cenário audiovisual da América Latina.
Trama de “Baby”
Na trama, acompanhamos Wellington (João Mariano), um jovem que acaba de sair do sistema socioeducativo e se vê à deriva nas ruas do centro de São Paulo, sem conseguir qualquer contato com a família. Em suas andanças sem rumo, acaba conhecendo Ronaldo (Ricardo Teodoro), um garoto de programa mais velho e experiente, na casa dos 40 anos.
Wellington, que adota o vulgo do título, Baby, entra na prostituição e venda de drogas junto com Ronaldo, que o abriga na pequena kitnet em que vivia e o ensina as manhas das ruas. Juntos, eles desenvolvem uma relação complexa, que transita entre uma proteção quase paternal, exploração e uma clara atração sexual.
Confira as entrevistas
O filme, que teve sua estreia mundial na Semana da Crítica, do Festival de Cannes, e que saiu levando o prêmio de Melhor Ator Revelação para Ricardo Teodoro, traz um iniciante em seu papel principal, o mineiro João Pedro Mariano, que dá vida a Wellington, o Baby. Durante a pré-estreia carioca, o jovem ator, de apenas 20 anos, nos contou sobre a sensação de finalmente chegar ao Brasil com o prestigiado longa.
“Meu coração tá mil! Eu tô segurando o choro a todo momento. Eu tô aqui assim ‘não, não posso tocar nesse ponto senão eu choro”, começa o protagonista. “É muito feliz pra mim. Eu tive a honra de trazer a minha mãe pra cá pra poder assistir esse filme. E é muito bonito ver a repercussão que a gente teve lá fora e agora trazer pro Brasil, que é o nosso público, né? A nossa galera.
Ricardo Teodoro, Marcelo Caetano e João Mariano (Foto: Cláudio Andrade/Festival do Rio)
Eu acho que é muito fervoroso o nosso filme. Então eu quero saber como vai bater nas pessoas esse filme de relações complexas, sobre relacionamentos no centro de São Paulo, que é essa cidade que te dá tudo e ao mesmo tempo não te dá nada. Então eu tô ansiando pra isso, pra saber como vai bater nas pessoas aqui.
E é um orgulho imenso estar no Festival do Rio, esse festival que eu amo. Eu sempre vim aqui como telespectador ver filmes. E agora eu tô aqui com filme. É assim, ‘o que tá acontecendo? O que tá acontecendo?’ Eu fico olhando pra todo mundo com carinha de choro. Então eu tô muito feliz, transbordando de felicidade”, conta.
Já Ricardo Teodoro, ator premiado pela obra, nos conta como é chegar para mostrar “Baby” ao Brasil após a passagem em um dos maiores festivais de cinema do mundo. “Olha, a gente está tão ansioso assim quanto foi ir para Cannes, sabe? Pelo menos pra mim, que eu morei aqui no Rio, eu me formei em teatro aqui no Rio, várias vezes eu tive várias premières tentando um ingresso ali, as premières mais hypadas…E aí eu tô muito nervoso pra saber o que as pessoas vão achar do filme, como vai ser essa recepção”, começa o ator revelação de Cannes.
“Mas eu, particularmente, acho que é um filme muito brasileiro, então as pessoas vão se identificar, porque a gente gosta de melodrama. E é um filme sobre amor, sobre um casal que ‘vai dar certo? Não vai? Eu gosto daquele, eu gosto daquele outro. Por que eles não estão dando certo? Eles poderiam…’ Sabe? Então, tem uma torcida nisso, que é tão brasileira, tão nossa, e que as pessoas mundo afora estão gostando, né? Então eu tô muito animado, eu tenho certeza que o Brasil vai gostar muito desse filme”. completa Teodoro.
Bruna Linzmeyer na première de “Baby” (Foto: Cláudio Andrade/Festival do Rio)
O segundo longa de Marcelo Caetano também traz rostos já conhecidos no audiovisual brasileiro, como os das atrizes Ana Flávia Cavalcanti, que vive Priscila, e Bruna Linzmeyer, que vive Jana, esposa de Priscila. Linzmeyer, como atriz LGBT, nos conta a importância de obras Queer como “Baby” e como foi fazer parte do projeto com uma personagem também parte da comunidade:
“Estou muito feliz. Eu admiro demais o trabalho do Marcelo Caetano, que é o roteirista e diretor desse filme, assim como da produtora”, inicia a atriz. “Então, eu acho que é um filme muito especial que fala sobre os afetos, fala sobre as famílias que a gente encontra enquanto comunidade LGBT, sobre a nossa capacidade de sustentar afetos enquanto comunidade. E eu fico muito honrada que cada vez mais pessoas LGBTs estejam fazendo filmes com essa temática, que eu possa contribuir como artista, como atriz, mas que eu também possa assistir esses filmes. Então, estou muito feliz.”