Aliados de Bolsonaro veem voto de Fux como reforço à defesa

Ministro Fux absolve Bolsonaro e condena Braga Netto por tentativa de derrubar o Estado Democrático; ex-presidente não seria beneficiado, apenas militares

11 set, 2025
Jair Bolsonaro | Reprodução/Instagram/@jairbolsonaro
Jair Bolsonaro | Reprodução/Instagram/@jairbolsonaro

Para aliados de Jair Bolsonaro (PL), a decisão do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), de condenar o general Braga Netto pelo crime de tentativa de supressão do Estado Democrático de Direito, fortalece a narrativa apresentada pela defesa do ex-presidente: o suposto golpe teria como principal objetivo beneficiar integrantes das Forças Armadas.

Fux, por sua vez, absolveu Bolsonaro de todas as acusações que pesavam contra ele no STF, enquanto o julgamento resultou em 2 a 1 pela condenação de Braga Netto.

De acordo com a argumentação de Paulo Cunha Bueno, advogado de Bolsonaro, em entrevista concedida ao Estúdio i em novembro de 2024, o ex-presidente não seria o beneficiário direto do plano; o principal favorecido seriam os militares envolvidos. Bueno destacou a existência do chamado “gabinete de crise”, liderado por Braga Netto e Augusto Heleno, como prova de que Bolsonaro não participava da conspiração de forma a se beneficiar. A Polícia Federal, porém, interpretou que a função desse gabinete era justamente assessorar o então presidente.

Quem realmente sairia favorecido

Segundo Bueno, caso o plano fosse executado, a maior vantagem não seria para Bolsonaro, mas para uma junta militar criada após a implementação do Plano Punhal Verde e Amarelo. Ele ressaltou que o ex-presidente não constava na estrutura dessa suposta junta e que não haveria qualquer benefício direto para ele. O advogado enfatizou que essa interpretação não era especulativa, mas estava documentada: o grupo de generais seria responsável por assumir o poder, enquanto Bolsonaro permaneceria excluído do controle do governo caso o plano se concretizasse.


Ministro Luiz Fux durante sessão no Supremo Tribunal Federal (STF)Ministro Luiz Fux durante sessão no Supremo Tribunal Federal (STF) (Foto: Reprodução/Instagram/@joaobatistajr)

Na época da entrevista, a declaração repercutiu de forma intensa, causando irritação em Braga Netto, que chegou a sugerir a saída do advogado do caso — algo que Bolsonaro não chegou a acatar.

Plano Punhal Verde e Amarelo: detalhes do esquema

O Plano Punhal Verde e Amarelo, segundo as investigações, previa o assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), do vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e do ministro do STF Alexandre de Moraes. Além disso, incluía a criação de um gabinete de crise sob comando dos generais Braga Netto e Augusto Heleno, então à frente da Casa Civil e do Gabinete de Segurança Institucional (GSI). O documento teria sido elaborado pelo general Mário Fernandes, ex-secretário-executivo da Presidência, e chegou a ser impresso no Palácio do Planalto.

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