Nova bactéria do gênero “bartonella” é descoberta na Amazônia

Bactéria inédita é descoberta na Amazônia por pesquisadores; descoberta não trás riscos biológicos imediatos mas requer monitoramento contínuo

02 set, 2025
Rio na Amazônia | Reprodução/ CARLOS FABAL/ Getty Images
Rio na Amazônia | Reprodução/ CARLOS FABAL/ Getty Images

Pesquisadores da UNESP (campus de Jaboticabal) e da USP (Faculdade de Saúde Pública) anunciaram que descobriram uma nova espécie de bactéria pertencente ao gênero Bartonella, durante análises de insetos flebotomíneos (mosquitos-palha) no Parque Nacional da Amazônia, no Pará.

Essa pesquisa vem sendo feita ao longo de um ano, especificamente entre fevereiro de 2022 e fevereiro de 2023, quando foram coletadas cerca de 297 fêmeas de flebotomíneos em duas trilhas próximas aos rios Uruá e Tracoá na unidade de conservação. E o DNA que encontraram aproxima-se de duas espécies andinas: B. bacilliformis e B. ancashensis, causadoras, respectivamente, da verruga peruana (doença de Carrión) e da febre de Oroya.

Apesar dessa similaridade genética, as sequências detectadas no Pará são distintas das encontradas nos Andes, ainda que confirmem a presença de linhagens novas no Brasil, como também observado anteriormente no Acre, mas até o momento, não há indícios de que essa bactéria recém identificada cause qualquer doença ou variante em humanos, ou animais, como no caso das outras espécies já catalogadas.

Importância científica e vigilância

Essa descoberta é muito relevante pelo histórico do gênero Bartonella, que inclui patógenos como B. henselae, também associado à doença da arranhadura de gato, e outras espécies capazes de causar condições sérias, sobretudo em indivíduos com baixa imunidade. Por isso, especialistas destacam a necessidade de aprofundar os estudos nessa pesquisa.


Postagem da FAPESP sobre a bactéria (Foto: Reprodução/Instagram/@agenciafapesp)

Segundo os pesquisadores, há uma possibilidade fundamentada de adaptação dessas bactérias às espécies brasileiras. Por exemplo, os flebotomíneos brasileiros Pintomyia serrana e Pintomyia nevesi são próximos de espécies peruanas que transmitem algumas doenças graves.

O grupo de pesquisa está planejando expandir sua atuação para outros biomas brasileiros, para investigar diferentes populações de flebotomíneos e outros dípteros, a fim de mapear melhor a presença dessas linhagens bacterianas.

O que são bartonelas?

Bartonella é um gênero de bactérias gram-negativas, intracelulares e transmitidas por vetores sangüíneos como pulgas, piolhos, carrapatos e mosquitos, como também no caso dos flebotomíneos. Entre as doenças mais conhecidas está a “Doença de Carrión” (verruga peruana): causada por B. bacilliformis e transmitida por flebotomíneos nos Andes, além da “Doença da Arranhadura do Gato”, endocardites e “Febre das Trincheiras” são alguns exemplos causados por outras espécies do gênero.

Apesar de sua vasta diversidade, muitas das espécies de Bartonella ainda são pouco estudadas e catalogadas, especialmente em regiões tropicais, onde a variedade de vetores é gigantesca. Isso torna fundamental o monitoramento constante e a pesquisa para identificar possíveis riscos à saúde humana e dos animais, já que novas linhagens podem surgir em ambientes ricos em biodiversidade, como a Amazônia.

Considerando que essa descoberta reforça a necessidade ainda maior de vigilância em ecossistemas brasileiros e a urgência de compreender melhor o papel de diferentes vetores na transmissão de Bartonella, especialmente num país com vastos biomas tropicais.

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