Escândalo farmacêutico envolve irmã do presidente da Argentina Javier Milei
Karina Milei, secretária-geral da Presidência, é citada em áudios investigados pela Justiça que apontam corrupção na compra de medicamentos públicos

A Justiça argentina iniciou uma investigação sobre um possível esquema de corrupção que envolve Karina Milei, irmã do presidente Javier Milei. A apuração teve início após a divulgação de áudios que sugerem sua participação em um suposto esquema de suborno relacionado à distribuição de medicamentos voltados para pessoas com deficiência.
Karina, que ocupa o cargo de secretária-geral da Presidência e exerce forte influência na administração do irmão, passou a ser o centro de uma denúncia que coloca em xeque a cúpula do governo argentino.
O escândalo vem à tona em um momento de tensão política para Javier Milei, que enfrenta desgaste no Congresso. Nesta semana, deputados se mobilizaram para reverter um veto presidencial que impedia a ampliação de verbas destinadas ao atendimento de pessoas com deficiência, ampliando a pressão sobre o governo.
Denúncia abala núcleo do governo Milei
Segundo Diego Spagnuolo, ex-chefe da Andis, Karina Milei e Eduardo “Lule” Menem teriam montado um esquema de propinas com laboratórios, em troca de contratos para fornecimento de medicamentos à rede pública. Ele foi afastado do cargo um dia após o caso vir à tona.
No dia seguinte, sexta-feira (22), autoridades argentinas realizaram buscas em diversos endereços ligados ao ex-chefe da Agência Nacional para Pessoas com Deficiência (Andis), incluindo sua residência, onde foram apreendidos celulares e uma máquina de contagem de dinheiro.
Gravações divulgadas pela imprensa argentina mostram uma voz atribuída a Diego Spagnuolo, discutindo supostos casos de suborno dentro da instituição.
Nos áudios, Spagnuolo afirma que sua agência está sendo alvo de fraudes e menciona Karina Milei, irmã do presidente Javier Milei e secretária-geral da Presidência, como beneficiária de pagamentos ilícitos. Ele também relata ter alertado o presidente sobre o esquema, sem que medidas tenham sido tomadas.
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Post do Instagram de Javier Milei (Foto: Reprodução/Instagram/@javiermilei)
Propina em contratos públicos sob investigação
Diego Spagnuolo, denunciou a existência de um esquema de corrupção envolvendo cobrança de propinas de até 8% sobre o faturamento de laboratórios farmacêuticos, em troca de contratos com o governo argentino. Segundo ele, o esquema poderia movimentar até US$ 800 mil por mês.
Karina Milei, irmã do presidente e secretária-geral da Presidência, seria a principal beneficiária, recebendo entre 3% e 4% dos valores e Eduardo “Lule” Menem, figura influente no governo, é citado como o articulador do esquema de corrupção, atuando com o respaldo de empresários vinculados à distribuidora farmacêutica Suizo Argentina.
Com a aproximação das eleições legislativas em outubro, o governo de Javier Milei lida com um ambiente político conturbado. A apuração que envolve sua irmã, Karina Milei, tem potencial para enfraquecer a retórica presidencial contra a elite política tradicional. Até o momento, não houve manifestação oficial por parte da Presidência sobre o caso.