Tarifaço de Trump contra o Brasil poupa alguns setores produtivos
Decreto assinado pelo presidente americano entra em vigor no dia 9 de agosto; produtos como suco de laranja e madeira tropical foram poupados da nova tarifa

Na última quarta-feira (30), a Casa Branca publicou o decreto assinado pelo presidente Donald Trump, que implanta as tarifas de importação para produtos brasileiros em 50%. A medida entra em vigor a partir de 6 de agosto. Contudo, o denominado tarifaço excluiu alguns produtos considerados importantes para a economia brasileira.
O republicano havia anunciado a medida em 9 de julho, em carta direcionada ao governo brasileiro. A justificativa de tal atitude são as medidas do Judiciário impostas ao ex-presidente da República, Jair Bolsonaro.
Produtos poupados
O decreto publicado pelo governo americano impõe tarifa de 50% para produtos brasileiros. Produtos como café e carne bovina serão os mais afetados. Porém, a medida isenta as principais importações que os Estados Unidos realizam, como suco de laranja e peças de aeronaves que beneficiam a Embraer.
Fertilizantes, artigos de borracha, madeira tropical e sua polpa química, suco e polpa de laranja, artigos de polpa de papel e pasta de celulose são alguns dos itens que foram excluídos da taxação promovida pelo governo norte-americano. Além destes, o petróleo bruto, o gás natural, o carvão, os lubrificantes, a parafina e até a eletricidade permanecerão fora do aumento.
Os produtos já em trânsito para os Estados Unidos antes da entrada em vigor do decreto, desde que cheguem no país até a data limite de 5 de outubro, não estarão sujeitos às novas tarifas.
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Lista completa dos produtos isentos do tarifaço (Vídeo: reprodução/Instagram/@poder360)
Carne sob risco
Se por um lado, Trump poupou alguns setores da economia brasileira, por outro lado, aquele que é considerado o mais importante será duramente afetado. O Brasil é o maior exportador mundial de carne bovina, e os Estados Unidos, o segundo maior comprador.
Porém, a Austrália se tornou o maior exportador do produto para os americanos. O país enviou 27% a mais de carne bovina para os Estados Unidos no ano do que o Brasil e aumentou seu volume de exportação em 30% em relação a 2024.
A razão está nas tarifas. A carne australiana, que adentrava nos Estados Unidos isenta de tarifas, agora possui somente 10% de taxa. Em contrapartida, o produto brasileiro já estava com uma taxa de 26%, que aumentou para 36% em abril. Com a tarifa de 50%, a carne brasileira terá um aumento total de astronômicos 76%.
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Donald Trump assina acordo comercial com a Coreia do Sul (Foto: reprodução/Instagram/@whitehouse)
Em negociação
Enquanto o Brasil possui a maior taxação aplicada pelo governo Trump (com exceção da China), outros países obtém êxito em suas negociações comerciais. Um exemplo é a Coreia do Sul, que concordou com a taxa de 15% de importação em seus produtos.
A União Europeia também chegou a um acordo com o governo norte-americano e será taxada em apenas 15%. Trump e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, selaram o acordo no último domingo (27).
Com o México, o governo americano suspendeu o aumento das tarifas, que iria ocorrer a partir de sexta-feira (1º). A taxa de 25% continuará em vigor pelos próximos 90 dias enquanto os países entram em negociação.